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CASO DINIZ
Após 46 dias, chilenos e argentinos aceitam proposta do governo de antecipar transferência; brasileiro irá para o CE
Sequestradores encerram greve de fome
ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local
AUGUSTO GAZIR
da Sucursal de Brasília
Os sequestradores do empresário Abílio Diniz encerraram ontem a greve de fome que mantinham havia 46 dias.
A decisão foi anunciada às 11h15
em frente ao Instituto Central do
Hospital das Clínicas pelo porta-voz do grupo, Breno Altman,
que participou de reunião de uma
hora e 25 minutos com os sequestradores, o deputado federal Luiz
Eduardo Greenhalg (PT-SP) e o
presidente de honra do PT, Luiz
Inácio Lula da Silva.
Os cinco chilenos e os dois argentinos aceitaram a proposta do
governo brasileiro de antecipar
sua remoção para seus países antes da aprovação do tratado de
transferência de presos pelos Legislativos dos três países envolvidos (Brasil, Argentina e Chile).
O único brasileiro do grupo,
Raimundo Costa Freire, aceitou o
compromisso do governo de
transferi-lo para uma prisão especial no Ceará, seu Estado natal.
Ele deve permanecer no Corpo
de Bombeiros ou no Quartel General da PM de Fortaleza, até que a
Justiça local julgue seu pedido de
liberdade condicional.
Os presos estrangeiros estarão
sujeitos à decisão da Justiça de
seus países para a concessão de benefícios. Segundo Greenhalg, os
sequestradores devem permanecer entre quatro e cinco dias no
HC para recuperação física, antes
de viajar.
Já o embaixador do Chile, Juan
Martabit, calcula que os sequestradores só terão condições físicas
de viajar em cerca de dez dias.
Sobre a transferência do brasileiro e a concessão do livramento
condicional -que não constam
em nenhum documento oficial-,
os sequestradores afirmaram, por
meio do porta-voz, que encaram
"com otimismo o que foi proposto pelo governo federal".
"Fundamental para a decisão
dos presos foi o governo brasileiro
ter dado demonstração de boa
vontade", disse Lula, que afirmou
ter ido ao HC para "fazer um apelo" para que os sequestradores encerrassem a greve.
Argentinos
Somente os sequestradores chilenos do empresário Abílio Diniz
já podem pedir transferência para
cumprir o resto da pena no país
natal. Os dois argentinos ainda
não estão liberados.
Ao contrário do anunciado anteontem pelo Ministério da Justiça
brasileiro e pela embaixada argentina, o governo argentino não decidiu se aceita a antecipação do
acordo de transferência de presos.
Ontem, o ministro Renan Calheiros (Justiça) só assinou a antecipação da vigência do tratado
com o embaixador do Chile. O
embaixador da Argentina no Brasil, Jorge Herrera Vegas, não compareceu ao ato.
"Recebemos a proposta de antecipação ontem (anteontem). A
Argentina não pode se pronunciar
em prazo tão curto. Penso que não
haverá problemas, mas a resposta
só virá na semana que vem", disse
o embaixador da Argentina.
Antes do fim da greve de fome
dos presos, ele havia afirmado que
o governo argentino não iria agir
sob pressão dos sequestradores. O
Ministério da Justiça, segundo sua
assessoria, classificou de "sensata" a decisão dos presos de encerrar a greve de fome.
"O governo brasileiro cumpriu
sua parte, em nenhum momento
cruzou os braços diante do problema", afirmou Calheiros, ao assinar a antecipação do acordo com
o Chile.
Calheiros reafirmou que a situação do brasileiro Raimundo Costa
depende de decisão da Justiça do
Ceará sobre a progressão de sua
pena.
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