São Paulo, Terça-feira, 01 de Fevereiro de 2000


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VIOLÊNCIA
Na faixa de 15 a 19 anos, os homicídios no Rio saltaram de 13,16% do total em 1980 para 17,62% em 1995
Cresce número de vítimas adolescentes

da Reportagem Local

O Rio de Janeiro é o Estado que mais sofre os efeitos da violência na população masculina, segundo o estudo de André Geraldo Simões, feito sob a orientação de Hildete Pereira de Melo. O mais preocupante no caso do Rio é que a porcentagem de jovens de 15 a 19 anos que são vítimas de homicídio é cada vez maior em relação ao total de homicídios.
Em 1980, as vítimas de homicídio entre 15 e 19 anos representavam 13,16% do total desse tipo de crime no Estado do Rio de Janeiro. Em 1995, a participação dessa faixa etária no total de vítimas de homicídio subiu para 17,62%.
A faixa etária em que ocorre o maior número de mortes continua sendo entre 20 e 29 anos. Das vítimas de homicídio no Estado, 42,14% tinham entre 20 e 29 anos em 1995. "No Rio, fica muito clara a influência do crime organizado nessa estatística. Os jovens estão sendo cooptados pelo tráfico cada vez mais cedo", afirma Hildete Pereira de Melo.
No caso das mulheres, a participação do número de jovens e crianças no total de homicídios também impressiona. Em 1980, 2,96% das vítimas desse crime tinham entre 10 e 14 anos. Em 1995, essa porcentagem passa para 5,6%. "Apesar de as mulheres estarem mais protegidas do que os homens contra a violência, o número de meninas que são vítimas de homicídios também cresce em relação ao total de assassinatos."
Outro dado da pesquisa mostra que, até 1998, o número de assassinatos com armas de fogo no Rio era menor do que em Pernambuco, para cada grupo de 100 mil habitantes. De 1998 para 1995, no entanto, há um aumento de quase 100%. Em 1988, a taxa de homicídios com armas de fogo era de cerca de 20 para cada grupo de 100 mil habitantes. Em 1995, essa taxa já havia chegado a 44, segundo dados do Datasus e das estimativas de população do IBGE.
Os efeitos da violência no Rio fazem também do Estado um sério candidato a ser o primeiro do país a ter mais homens morrendo de causas violentas do que de problemas no aparelho circulatório. Em 1980, as mortes por causas ligadas ao coração representavam 32% do total, enquanto as causas externas eram responsáveis por 16,89%. Em 1995, a porcentagem de mortes por doenças do coração no Rio caiu para 27%, enquanto a violência foi o motivo de 20% dos óbitos registrados.
Além disso, no Rio, a expectativa de vida é diminuída em 3,84 anos por causa da violência. Isso faz com que a expectativa de vida do homem seja praticamente igual à expectativa dos Estados do Nordeste, que apresentam os piores índices sociais na área.
Os problemas do coração são responsáveis pela queda na expectativa de vida do homem fluminense em 1,72 ano, menos da metade dos anos perdidos pela violência. Entre as mulheres, o número de anos perdidos no Rio por causas externas é de apenas 0,58, enquanto os problemas de coração representam 1,10 ano a menos.
"As mulheres estão começando a morrer mais de uma doença que sempre foi tipicamente masculina", diz Hildete. (ANTÔNIO GOIS)



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