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VIOLÊNCIA
Na faixa de 15 a 19 anos, os homicídios no Rio saltaram de 13,16% do total em 1980 para 17,62% em 1995
Cresce número de vítimas adolescentes
da Reportagem Local
O Rio de Janeiro é o Estado que
mais sofre os efeitos da violência
na população masculina, segundo o estudo de André Geraldo Simões, feito sob a orientação de
Hildete Pereira de Melo. O mais
preocupante no caso do Rio é que
a porcentagem de jovens de 15 a
19 anos que são vítimas de homicídio é cada vez maior em relação
ao total de homicídios.
Em 1980, as vítimas de homicídio entre 15 e 19 anos representavam 13,16% do total desse tipo de
crime no Estado do Rio de Janeiro. Em 1995, a participação dessa
faixa etária no total de vítimas de
homicídio subiu para 17,62%.
A faixa etária em que ocorre o
maior número de mortes continua sendo entre 20 e 29 anos. Das
vítimas de homicídio no Estado,
42,14% tinham entre 20 e 29 anos
em 1995. "No Rio, fica muito clara
a influência do crime organizado
nessa estatística. Os jovens estão
sendo cooptados pelo tráfico cada
vez mais cedo", afirma Hildete
Pereira de Melo.
No caso das mulheres, a participação do número de jovens e
crianças no total de homicídios
também impressiona. Em 1980,
2,96% das vítimas desse crime tinham entre 10 e 14 anos. Em 1995,
essa porcentagem passa para
5,6%. "Apesar de as mulheres estarem mais protegidas do que os
homens contra a violência, o número de meninas que são vítimas
de homicídios também cresce em
relação ao total de assassinatos."
Outro dado da pesquisa mostra
que, até 1998, o número de assassinatos com armas de fogo no Rio
era menor do que em Pernambuco, para cada grupo de 100 mil habitantes. De 1998 para 1995, no
entanto, há um aumento de quase
100%. Em 1988, a taxa de homicídios com armas de fogo era de
cerca de 20 para cada grupo de
100 mil habitantes. Em 1995, essa
taxa já havia chegado a 44, segundo dados do Datasus e das estimativas de população do IBGE.
Os efeitos da violência no Rio
fazem também do Estado um sério candidato a ser o primeiro do
país a ter mais homens morrendo
de causas violentas do que de problemas no aparelho circulatório.
Em 1980, as mortes por causas ligadas ao coração representavam
32% do total, enquanto as causas
externas eram responsáveis por
16,89%. Em 1995, a porcentagem
de mortes por doenças do coração no Rio caiu para 27%, enquanto a violência foi o motivo de
20% dos óbitos registrados.
Além disso, no Rio, a expectativa de vida é diminuída em 3,84
anos por causa da violência. Isso
faz com que a expectativa de vida
do homem seja praticamente
igual à expectativa dos Estados do
Nordeste, que apresentam os piores índices sociais na área.
Os problemas do coração são
responsáveis pela queda na expectativa de vida do homem fluminense em 1,72 ano, menos da
metade dos anos perdidos pela
violência. Entre as mulheres, o
número de anos perdidos no Rio
por causas externas é de apenas
0,58, enquanto os problemas de
coração representam 1,10 ano a
menos.
"As mulheres estão começando
a morrer mais de uma doença que
sempre foi tipicamente masculina", diz Hildete.
(ANTÔNIO GOIS)
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