São Paulo, quinta-feira, 01 de fevereiro de 2001

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CÂMARA

Partido vai propor a abertura de cinco comissões, limite máximo permitido pelo Regimento Interno da Casa

Estratégia do PT pode barrar a CPI do Lixo



GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT pretende aprovar hoje, na primeira sessão da nova legislatura, a abertura de cinco CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) para investigar as administrações de Paulo Maluf e Celso Pitta. A iniciativa pode impedir a CPI do Lixo, que envolveria o governo de Marta Suplicy (PT).
Segundo o presidente da Câmara, José Eduardo Cardozo (PT), o Regimento Interno permite a realização de, no máximo, cinco comissões ao mesmo tempo.
A bancada do PT defende a criação da CPI do PAS e da Educação (para investigar obras superfaturadas). Mas o partido também quer ressuscitar pedidos negados anteriormente em plenário, como a CPI do Frango -suposto esquema de venda superfaturada para o município-, a do túnel Ayrton Senna (superfaturamento da obra) e a do programa Leve-Leite (para apurar os custos).
A bancada deve definir as CPIs hoje pela manhã. Para aprovar uma comissão, são necessários apenas 19 votos (só as bancadas do PT e do PC do B conseguem esse quórum).
Vereadores petistas negaram que o número de CPIs seja uma manobra para evitar a criação da CPI do Lixo, que iria investigar o contrato emergencial feito por Marta com empresas de limpeza urbana acusadas anteriormente de irregularidades, como superfaturamento, pelo próprio PT.
"Queremos abrir a caixa-preta. As CPIs não vão prejudicar a administração da Câmara", disse o vereador Adriano Diogo (PT), que afirmou ter assinaturas suficientes para criar a CPI do PAS.
Segundo Cardozo, o próprio PT pode encampar a CPI do Lixo. Mas a Folha apurou que essa hipótese não foi discutida na reunião de ontem da bancada, que durou nove horas.
O PSDB e o PMDB recuaram da disposição inicial de apresentar o requerimento da CPI do Lixo nos primeiros dias de fevereiro. Os dois partidos afirmaram que ainda estão buscando dados.
Mas a Folha apurou que essa nova posição pode ter relação com as eleições para presidente na Câmara dos Deputados, onde Aécio Neves é o candidato do PSDB, e no Senado, onde o PMDB concorre com Jader Barbalho.
Segundo um líder do PMDB em São Paulo, a ordem é evitar problemas com o PT até as eleições, marcadas para o dia 14 de fevereiro. Até lá, nenhum pedido será apresentado.
O apoio do PT ao PSDB e ao PMDB ou a um novo candidato, evitando o voto aos seus adversários diretos, daria a vitória aos dois partidos. O líder da bancada do PSDB, Gilberto Natalini, e o presidente municipal do PMDB, Milton Leite, negam a orientação.


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