São Paulo, quinta-feira, 01 de fevereiro de 2001

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AMBIENTE

Em três anos, água do Pinheiros poderá ser usada para abastecimento

Técnica inédita ajuda a limpar rio



Cristiana Castello Branco/Folha Imagem
Lixo acumulado no rio Pinheiros, na região da ponte do Socorro


MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL

Para que a qualidade da água do rio Pinheiros -um dos três maiores da cidade de São Paulo- passe de péssima para boa em três anos, o governo do Estado conta com o reforço de uma tecnologia inédita no Brasil: a flotação.
Eficiente sobretudo na remoção de resíduos da poluição difusa (lixo, sujeira e entulho que são levados para o rio pela chuva e pelos córregos), o processo será coadjuvante das ações previstas na segunda etapa do Projeto Tietê.
Segundo a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), 45% da poluição no rio Pinheiros é difusa.
Limpar o Pinheiros significa retomar o seu bombeamento para a represa Billings, interrompido em 1992 devido à má qualidade de suas águas. Isso vai contribuir para um aumento da produção de energia elétrica na região de Cubatão, além de aumentar, na represa, o estoque de água própria para o consumo da população.
Hoje, a Sabesp pode tirar, para o abastecimento público, até 4.000 litros de água por segundo da represa Billings em caso de necessidade, como a estiagem que atingiu a cidade de São Paulo em 2000, levando ao racionamento.
A flotação consiste na aplicação de agentes coagulantes, como sulfato de alumínio ou cloreto férrico, na água. Essas substâncias provocam a aglutinação dos poluentes, formando os flocos que se depositam no fundo do rio.
Microbolhas de oxigênio, que são produzidas por um equipamento específico, empurram, então, esses flocos para a superfície do rio, de onde são retirados e levados para tratamento nas estações de esgoto.
O processo vem sendo testado com sucesso na praia da Enseada, no Guarujá, e nos lagos dos parques Ibirapuera e da Aclimação, em São Paulo. Uma estação piloto no próprio rio Pinheiros já consegue fornecer água limpa para jardinagem nas margens do rio.
A intenção é instalar sete estações de flotação, sendo três no Pinheiros e quatro nos seus principais afluentes. O programa reúne as secretarias de Estado dos Recursos Hídricos, do Meio Ambientes e a Emae (Empresa Metropolitana de Água e Energia), responsável pela licitação.
A implantação das estações deve começar em junho. A empresa vencedora da concorrência arcará com os custos. O retorno virá por meio da venda do excedente de energia elétrica a ser gerado com a retomada do bombeamento do rio Pinheiros.


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