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ENTREVISTA
Nova técnica de acupuntura usa agulha só no pulso e no tornozelo
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma técnica de acupuntura que
permite ao médico usar agulhas
apenas no punho e no tornozelo é
uma nova alternativa para quem
se sente desconfortável em tirar a
roupa durante as sessões ou ter o
corpo todo espetado.
Segundo o médico Gábor Tomás Fonai, 50, diretor da Amba
(Associação Médica Brasileira de
Acupuntura) e um dos responsáveis pelo ambulatório de acupuntura do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), o método
ainda é novo no Brasil, mas será
difundido neste ano a partir de
cursos ministrados pela Amba.
A nova técnica permite a colocação de até 12 agulhas, que ficam
paralelas à pele. A seguir, trechos
da entrevista dada à Folha.
Folha - Quais as vantagens dessa
nova técnica?
Gábor Tomás Fonai - Primeiramente, ela expõe menos o corpo
do paciente e pode ser aplicada
em qualquer posição, com a pessoa deitada, sentada ou em pé.
Outra vantagem é que a manipulação nos pulsos e no tornozelo é
indolor, não há sensação de peso
ou queimação que algumas pessoas relatam no método tradicional. Além disso, desde que fixadas
adequadamente, as agulhas podem ficar no corpo do paciente
por até 24 horas. A posição das
agulhas é diferente da usada na
técnica tradicional. Elas são colocadas embaixo da pele, de forma
superficial. A técnica é mais segura porque não interfere diretamente em órgãos vitais do corpo.
E também é mais prática porque a
pessoa pode se movimentar tranqüilamente durante o dia, sem o
risco de quebrar a agulha.
Folha - Para quais doenças essa
técnica é mais indicada?
Fonai - Há indicação para todas
as patologias. Para exemplificar,
aplicamos as agulhas no tornozelo para o tratamento de doenças
abaixo do diafragma, como cólicas renais, dores de coluna, problemas de fígado, bexiga, próstata, útero, ovários e outras doenças
da área. Já as aplicações no punho
são para o tratamento de doenças
acima do diafragma, como no coração, no pulmão, na cabeça, problemas psiconeurológicos, incluindo enxaqueca e depressão.
Um dado importante é o direcionamento da agulha. Se a dor for
acima do diafragma, no ombro,
por exemplo, a agulha deve ficar
direcionada para o ombro.
Folha - Na China e nos EUA, esse
tratamento já é bem popular. Por
que somente agora começou a ser
difundido no Brasil?
Fonai - Talvez por um certo preconceito, um medo de deixar a
pessoa com a agulha sem a presença de um médico. Mas a experiência mostrou que a técnica é
segura porque a aplicação da agulha é subcutânea. Ela fica paralela
à pele. É como ver um peixe nadando sob a água límpida.
Folha - O tempo da terapia e o
preço são os mesmos do método
tradicional?
Fona - O preço é mesmo, e o
tempo vai depender da patologia.
Às vezes, é preciso associar a técnica tradicional para que a evolução seja melhor.
Folha - Por muito tempo a acupuntura foi vista com cautela pelos
médicos. Isso mudou?
Fonai - Hoje a situação é outra.
Temos vários cursos de especialização reconhecidos, ambulatórios em hospitais públicos e trabalhos científicos publicados. Parte
do preconceito era porque havia
muita gente fazendo acupuntura
sem ser médico. Isso preocupava
do ponto de vista de higiene e, especialmente, de diagnóstico.
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