São Paulo, quarta-feira, 01 de fevereiro de 2006

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JUSTIÇA

Família de estudante morto em blitz policial no Paraná ganha indenização
O governo do Paraná foi condenado a indenizar em R$ 500 mil por danos morais a família do estudante Rafael Rodrigo Zanella, morto em 1997 em uma blitz policial. Cabe recurso à decisão judicial. Outros dois jovens que estavam em companhia do universitário serão indenizados em R$ 100 mil.
Na decisão, a juíza Elizabetii Passos, da 3ª Vara da Fazenda Pública, aponta, entre os argumentos para proferir a sentença, que "agentes estatais ou no exercício de funções tipicamente de Estado violaram direitos humanos de magnitude constitucional". A sentença foi publicada ontem no Diário da Justiça do Paraná. O procurador-geral do Paraná, Sérgio Botto de Lacerda, afirmou que, "em princípio" o governo do Paraná não recorrerá da decisão: "Em uma análise superficial, o Estado não recorrerá da sentença. O Estado se defendeu, discutindo o valor [da indenização]. Conversei com o governador [Roberto Requião (PMDB)]. Eu submeto a proposta de não recorrer ao governador, e ele autoriza ou não".
A mãe do estudante, Elisabetha Zanella, 51, disse que o valor da indenização pela morte de seu filho não agradou. "É irrisório. Não ficamos satisfeitos." Ela disse que a família ainda não definiu se irá recorrer do valor.
Zanella foi morto na noite de 28 de maio de 1997, quando tinha 20 anos, com um tiro na cabeça, durante uma blitz policial em Curitiba, no bairro Santa Felicidade. O estudante de biologia, com outros três amigos, ia, de carro, a um jogo de futebol.
Para justificar o crime, os policiais forjaram um flagrante, colocando uma arma e 500 gramas de maconha no carro. Na versão policial, o estudante teria resistido à ordem de prisão.
Uma perícia apontou que a cena do crime havia sido maquiada. Oito homens, sendo sete integrantes da Polícia Civil, foram indiciados pelo crime. Quatro foram julgados; três deles foram condenados. Um permanece preso pelo crime de homicídio - Almiro Beni Schimit, apontado como o autor dos disparos que mataram o estudante, condenado a 21 anos de prisão. Quatro delegados aguardam julgamento. (DA AGÊNCIA FOLHA)


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