São Paulo, segunda-feira, 01 de fevereiro de 2010

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Governo federal adia de novo a duplicação da Régis Bittencourt

Obras na serra do Cafezal, um gargalo de 30,5 km na principal rodovia entre SP e o Sul, não serão entregues antes de 2013

Melhoria é prometida há uma década e meia; para compensar o novo atraso, concessionária da via não aumentará valor do pedágio

Danilo Verpa/Folha Imagem
Régis Bittencourt, na altura do km 358, onde o veículo chega a trepidar por conta de ondulações

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo federal postergou por mais um ano a duplicação da Régis Bittencourt na região da serra do Cafezal, um gargalo de 30,5 km crítico em acidentes e engarrafamentos no principal corredor rodoviário entre São Paulo e a região Sul do país.
A obra, prometida há uma década e meia, tanto na gestão tucana de FHC como na petista de Lula, tornou-se uma das obrigações contratuais da concessionária que assumiu a estrada em fevereiro de 2008 em troca da exploração de praças de pedágio durante 25 anos.
O prazo para que ela fosse entregue, no entanto, foi empurrado, e a duplicação não ficará pronta antes de 2013 -um ano depois da última previsão.
As alegações do novo atraso são, mais uma vez, as pendências para as licenças ambientais.
A serra do Cafezal abriga uma região nativa de mata atlântica entre os municípios de Juquitiba (72 km de SP) e de Miracatu (138 km de SP).
É a única parte da Régis (nome de um trecho da BR-116) no Estado com pistas simples. A área é de curvas sinuosas, dificultando a ultrapassagem de caminhões. Lá, até acidentes menos graves param a rodovia.
O custo estimado da duplicação supera R$ 300 milhões.
Segundo a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), a "readequação do cronograma de investimentos" levou à manutenção da tarifa de pedágio (que, por contrato, é reajustada anualmente em dezembro) sem aumento para os motoristas: R$ 1,50 em cada uma das seis praças da rodovia, entre São Paulo e Paraná.
A obra é prometida desde os anos 1990 tanto para reduzir engarrafamentos como para diminuir acidentes na via apelidada de "estrada da morte".
Levantamento do começo da década mostrava que, proporcionalmente à extensão, o número de mortes no trecho era 46% superior ao do resto da via.
Ambientalistas sempre resistiram, principalmente, à escolha do traçado de duplicação na serra do Cafezal fora do eixo da pista simples atual, com a alegação de danos irreversíveis na mata atlântica, em cursos d'água, além da morte de animais.
O Ibama afirma que a apreciação da licença aguarda um complemento de informações solicitado à concessionária. O instituto não respondeu, porém, desde quando a autorização da obra está sob análise.

Buracos
Apesar do valor baixo dos pedágios na Régis, os mais de 100 mil motoristas que usam a estrada todo o dia têm enfrentado problemas que não se limitam ao trecho da serra do Cafezal.
Em duas viagens realizadas nas últimas semanas em toda a sua extensão, a Folha verificou trechos esburacados no asfalto, apesar de a rodovia federal estar há dois anos sob controle privado e há mais de um ano com a cobrança de pedágio.
Além da própria serra do Cafezal, outros pontos com buracos e pavimento crítico eram as imediações de Registro (188 km de SP) e principalmente Barra do Turvo (322 km de SP). Embora a maior parte da rodovia tenha condições boas ou razoáveis da pista e da sinalização, há trechos com remendos e irregularidades que levam os veículos a trepidar.


Colaborou RICARDO WESTIN, da Reportagem Local

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