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SAIA JUSTA
Afinal, sexo oral é ou não adultério?
(abaixo) lembra que o ex-presidente dos EUA Jimmy Carter
considerava adultério a simples
cobiça à mulher alheia. O deputado Fernando Gabeira (à esq.)
diz, de brincadeira, que o sexo
oral é mais prático
A deputada Ester Grossi (abaixo)
acredita que o casamento de
Clinton e Hillary é, na verdade,
um contrato político e que ela
prefere o chifre a perder o posto
de primeira-dama dos EUA; o secretário Reynaldo de Barros (à
esq.) diz que não é de trair
Mylene Macedo conta que já correu de parlamentar em volta da mesa
PAULO SAMPAIO
da Reportagem Local
Sexo oral é menos "grave" do
que o com penetração? Alguns
adúlteros sustentam que a prática
do sexo oral não chega a ser traição. Segundo a imprensa norte-americana, o presidente dos EUA,
Bill Clinton, é um deles.
Clinton tenta se defender da acusação de adultério feita por moças
que, em gravações não divulgadas
ou ao vivo, afirmam ter praticado
apenas sexo oral com ele. Políticos
e especialistas brasileiros tentam
entender a democracia americana.
"O Jimmy Carter, grande comedor de amendoim, dizia no mandato dele que cobiçar a mulher
alheia já era adultério. Agora me
vem o Clinton com essa do sexo
oral. E então?", pergunta o senador Esperidião Amim, do PPB.
"Qual é a escola de sexologia dos
democratas americanos?"
O pragmatismo
A escola dos americanos, na opinião do deputado Fernando Gabeira (PV), é o pragmatismo.
"O sexo oral é a saída mais prática quando se trata de um homem
muito ocupado. Não requer que
ele se levante da cadeira, nem que
desligue o telefone."
Gabeira brinca, mas a psicóloga
Clarice Skalcowics afirma que já
ouviu em sua clínica muitas histórias de mulheres que praticam
apenas sexo oral com o chefe.
"Vejo muito no consultório esse
tipo de relacionamento rápido entre subordinada e chefia", diz.
"Essas mulheres não fazem o sexo oral por tesão, mas por achar
que o poder 'passa' pelo falo. Existe uma fantasia de que com o executivo é melhor. Quando o executivo é o presidente dos Estados
Unidos, a fantasia aumenta." Aumenta a fantasia e, segundo Clarice, tudo fica mais fácil. "O sexo
oral no escritório é rápido, direto
e, por isso, razoavelmente garantido. Em qualquer situação, o homem consegue a ereção", diz. A
sexóloga Marta Suplicy, assim como o evangélico Francisco Rossi,
recusou-se a participar do debate.
"Quando houver algo pertinente,
eu respondo. Não essa baixaria",
disse a sexóloga. O ex-governador
do Ceará Ciro Gomes (PPS), que
recentemente desmentiu ter afirmado que "a monogamia é uma
violência", mandou dizer pela secretária, Luiza, que ele por hora
não está falando "sobre comportamento".
Escândalo
Bill Clinton afirma que não teve
contato íntimo com a moça do sexo oral, Monica Lewinsky. Mas, se
ficar provado o contrário, o presidente dos Estados Unidos pode ter
sérios problemas.
O adultério no Brasil é crime. Segundo especialistas, porém, dificilmente essa situação evoluiria
para um escândalo político das
mesmas proporções.
"O código de moral do brasileiro é completamente diferente",
diz o advogado criminalista Paulo
José da Costa Jr., professor de direito penal na USP. "Se acontecesse algo parecido aqui, a própria
população ficaria do lado do presidente", acredita. Algumas mulheres que trabalharam perto do
poder, em Brasília, chegam a rir
quando se fala em escândalo político por sexo oral.
"Já me aconteceu até de sair
correndo de parlamentar, em volta da mesa, na época em que fui
assessora no Congresso Nacional.
Brasília é uma loucura. Se sexo ali
tivesse essa dimensão, estaria todo
mundo processado", diz Mylene
Macedo, 30, que fez carreira também nas páginas da "Playboy" e
atualmente é apresentadora do
programa "Mulher Maçã", no canal adulto da TVA (leia depoimento abaixo).
Para a deputada Ester Grossi
(PT-RS), que nunca precisou correr em volta da mesa, tudo depende da relação que se estabelece
com o poder.
"A própria Hillary Clinton prefere ser mulher de um sujeito poderoso, ainda que ele ponha chifre
nela, do que perder o posto de primeira-dama. Com a Jackie Kennedy, era a mesma coisa. Michelle
Mitterand teve de engolir a amante do marido no enterro dele",
lembra Ester.
Em São Paulo, o secretário municipal de Vias Públicas, Reynaldo
de Barros, diz que não é disso,
não. Disso o quê, secretário, sexo
oral? "Não, estou falando de traição. Sexo oral, então, menos ainda. Dou minhas cacetadas, mas é
sexo tradicional."
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