|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANÁLISE
Falta de escolaridade causa discrepância salarial
GILBERTO DIMENSTEIN
do Conselho Editorial
Má distribuição de educação é
sinônimo de má distribuição de
renda, num círculo vicioso -
quanto menor o acesso ao conhecimento menor o acesso à
renda.
Na era da informação, marcada pela sofisticação crescente da
qualificação profissional, importa o princípio de que o indivíduo
vale quanto sabe.
O relatório da Unesco mostra a
discrepância salarial a partir da
escolaridade.
Um dos campeões mundiais
de má distribuição de renda, o
Brasil acaba despontando na disparidade de rendimentos a partir do grau de escolaridade: um
profissional com pós-graduação
ganha, em média, 3,5 vezes a
mais do que o trabalhador com
nível médio. Apenas uma minoria chega ao ensino médio, embora o número de matrículas seja crescente e acelerado.
Quem, no Brasil, tem ensino
superior ganha quase cinco vezes mais do que quem só completou as primeiras oito séries.
Entre os 22 países listados na
pesquisa, o Brasil aparece como
o primeiro em discrepância salário-escolaridade. Nos Estados
Unidos, um profissional com
pós-graduação ganha em torno
de 83% a mais do que quem só
completou o colegial. Ainda nos
Estados Unidos, quem tem superior completo ganha 76% a
mais do que o trabalhador com
ensino fundamental.
O relatório da Unesco traduz
em números o risco de marginalização para quem não acompanha a exigência de qualificação
profissional.
Uma sociedade marcada pelo
analfabetismo funcional como a
brasileira produz pleno emprego
para quem carrega diploma de
faculdade. Segundo IBGE e Fundação Seade, a taxa de desemprego para quem tem ensino superior giraria em torno de 3%.
O Brasil até despeja em educação uma quantia compatível
com as nações mais desenvolvidas, levando-se em conta o Produto Interno Bruto.
O gasto anual com um aluno
de ensino fundamental e médio,
no Brasil, é de, respectivamente,
R$ 637 e R$ 826 - um aluno de
faculdade sai, por ano, R$ 8,2
mil.
Nos Estados Unidos, um aluno
de faculdade custa, por ano, R$
12 mil; ensino fundamental R$ 4
mil e médio R$ 5 mil.
Mesmo com todos os dados
que exibem a indigência da educação brasileira, especialmente
na base, o relatório aponta a vinculação direta entre o grau de escolaridade e as demandas econômicas.
No geral, o Brasil coloca mais
alunos nas escolas, reduz a repetência e a evasão. O principal fato
do relatório aponta a evolução
da expectativa de vivência escolar das crianças com cinco anos
de idade - pulou de 10 anos em
1991 para 12,7 anos em 1997.
Longe ainda da média dos países
desenvolvidos, de 15 anos.
Texto Anterior: MEC vai punir município que desviou verba Próximo Texto: Medicamentos: Laboratório tem margem de lucro de 45% Índice
|