São Paulo, quinta-feira, 01 de março de 2001

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VIOLÊNCIA

Para polícia, adolescentes invadiram os 4 imóveis na zona sudoeste de SP; engenheiro baleado corre risco de morte

Grupo invade casas em Perdizes e fere um

SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Quatro casas da região de Perdizes (zona sudoeste de São Paulo) foram invadidas por uma quadrilha, anteontem, deixando, como saldo, um ferido grave.
A equipe de investigadores do 23º DP trabalha com a hipótese de ser uma gangue de adolescentes, por causa das pichações que os criminosos fizeram no interior de dois dos imóveis invadidos.
Na última casa invadida, a quadrilha baleou o engenheiro Percival Carlos Baier, 54, que está internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital das Clínicas. Baier passou por uma cirurgia para a retirada da bala, e, até ontem, corria risco de morte.
Segundo a artista gráfica Sueli Vicente Andreato, os assaltantes invadiram uma creche e uma casa antes de entrar no estúdio de criação que mantém com o irmão, Elifas Andreato.
Para Sueli, o grupo passou a tarde em seu estúdio. Em uma das paredes, o grupo escreveu "Anderson zona leste". "Eles destruíram tudo, comeram e beberam, mas roubaram poucas coisas de valor. Temos vários equipamentos caros, como computadores."
A gangue invadiu a casa de Baier, vizinha ao estúdio, por volta das 18h30. Atacados pela cadela doberman Elke, os assaltantes atiraram e mataram o animal.
Ao ouvir o tiro, o engenheiro, que assistia TV com a mãe, Cacildes Baier, 80, foi até os fundos da casa para verificar o que estava ocorrendo. Enquanto isso, Cacildes foi para a frente, saindo à rua e trancando a porta por fora.
Nesse momento, os vizinhos já haviam acionado a polícia, que chegou pouco depois. Os policiais entraram na casa quando os assaltantes já haviam fugido, e encontraram o engenheiro ferido.
Segundo o comerciante Paulo Affonso Baier, 53, irmão da vítima, os pertences roubados do estúdio de Sueli foram encontrados em uma rua próxima ao local. Eram aparelhos de som portáteis.
"Os criminosos que praticam esse tipo de assalto não agem com violência nem deixam tantas pistas", considera o investigador-chefe Nelson Schmidt, do 23 º DP. "Perdizes é região de passagem. Há, próximo, o baile de Carnaval do Palmeiras, o que pode ter atraído os adolescentes. Mas essa ocorrência é atípica aqui."
Sueli discorda do investigador. De acordo com a artista gráfica, a invasão de casas pode ser atípica, mas pequenos furtos praticados por adolescentes infratores já se tornaram rotina no bairro. "A violência em Perdizes cresce dia após dia", diz.


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