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EDUCAÇÃO
Nenhum professor da faculdade de medicina veterinária acompanhou a visita feita ao campus de Pirassununga
USP cedeu ônibus que levaram estudantes a trote
DA REPORTAGEM LOCAL
A faculdade de medicina veterinária da USP forneceu os quatro
ônibus que levaram, no fim de semana passado, alunos veteranos e
calouros a Pirassununga (a 213
km de São Paulo), onde aconteceu um trote considerado violento, segundo denúncia anônima
feita à universidade.
A visita foi feita com conhecimento da direção, mas o programado era apenas um passeio pela
fazenda onde fica o campus. Não
havia nenhum professor acompanhando a atividade.
Em 2004, essa visita deverá ser
proibida, segundo o professor
Enrico Lippi Ortolani, vice-presidente da Comissão de Graduação
e presidente da comissão de sindicância que investiga a denúncia
de violência. Ortolani confirmou
a cessão dos ônibus. "Vamos repensar isso em 2004", disse.
Um pacto foi feito entre os estudantes para não falar sobre o assunto, pois consideram que isso
prejudica a imagem da faculdade.
Apesar disso, alguns contam
detalhes sobre brincadeiras de
que participaram e afirmam que,
embora tenham "algumas críticas", não reveladas, sobre o trote,
não acham que houve violência.
Segundo calouros, meninos ficaram só de cueca, e meninas colocaram as peças íntimas por cima da roupa. Foram recebidos
por veteranos encapuzados e com
tochas nas mãos.
Uma das brincadeiras foi a
"mastiguinha". É formada uma
fila de calouros, e um veterano
mastiga pedaços de grama.
Em seguida, cospe a grama
mastigada na boca do primeiro
calouro da fila, que cospe na boca
do segundo e assim por diante. O
último da fila, segundo os alunos,
tem de engolir a grama.
Os alunos também contaram
que tomaram banho com líquido
retirado de estômago de gado e
que repetiriam a experiência, pois
o "ritual" representa a aprovação
no vestibular. O banho é uma tradição de anos na faculdade e é
considerado um "batismo", diz o
professor Ortolani.
Segundo alunos, também aconteceu a brincadeira "sacobol"
-da qual só participam meninos. Já sem as cuecas, eles tinham
de empurrar um sabonete com os
testículos para "fazer gols".
Na faculdade, todos ganham
dos veteranos um apelido -em
geral, depreciativo- já no dia da
matrícula. Calouros e calouras
acabam adotando as alcunhas.
Alunos afirmaram que o trote foi
filmado por um veterano. Eles dizem duvidar que a fita seja entregue à comissão de sindicância.
(BRUNO LIMA E ARMANDO PEREIRA FILHO)
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