São Paulo, quarta-feira, 01 de março de 2006

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CARNAVAL 2006

Escola ligada à torcida corintiana perdeu quatro pontos, ficou em último lugar e foi rebaixada para o Grupo de Acesso em 2007

Gaviões ameaça abandonar os desfiles

DA REPORTAGEM LOCAL

A escola de samba Gaviões da Fiel pode não mais participar do Carnaval de São Paulo. Indignado com as notas que a escola recebeu ontem, o presidente da agremiação, Wellington Rocha Júnior, disse que não voltaria a concorrer. No fim da tarde, porém, afirmou que iria "repensar" a decisão.
"A Gaviões está abandonando o Carnaval de São Paulo. Sofremos o ano todo uma exclusão. Para o nosso povo é triste, mas não vamos ficar num lugar onde a gente vai tirar sempre nove e nunca vai ser reconhecido", disse Rocha Júnior na apuração. "O Carnaval de São Paulo não é disputado na pista, é fora da pista, com manobras." A diretoria deve se reunir nos próximos dias para decidir se vai participar do desfile em 2007.
A escola, que obteve 283,5 pontos, de um total de 300, ficou em último lugar e foi rebaixada para o Grupo de Acesso.
O presidente da Liga Independente das Escolas de Samba, Alexandre Marcelino Ferreira, tentou amenizar a situação. "Acho que a Gaviões tem de ficar. A liga entende que a Gaviões está nervosa e isso tem que ser discutido com calma. É uma decisão que não se toma de uma hora para a outra."
A torcida corintiana compareceu ao sambódromo e acompanhou a apuração cantando o hino do time e virando as costas para os integrantes da mesa apuradora quando a escola não ganhou dez dos jurados pelos carros alegóricos. Foi nesse momento que os diretores da Gaviões ficaram inconformados. "Nossos carros eram luxuosos, não tinha como perder pontos", disse Rocha Júnior.
A primeira nota máxima da Gaviões foi obtida apenas no sétimo quesito. Antes disso, porém, os diretores se retiraram do sambódromo e convocaram a torcida a fazer o mesmo. Na saída, alguns torcedores tentaram interditar a marginal Tietê, mas foram impedidos pela polícia. Com o enredo "Asas da Fascinação", que fala sobre o anseio de vôo do homem, a Gaviões disse ter investido R$ 2 milhões no desfile e gastou R$ 80 mil com advogados para poder conseguir, na Justiça, o direito de desfilar no Grupo Especial.
Por ter sido criada por uma torcida organizada, a Gaviões desfilaria no Grupo Especial das Escolas de Samba Esportivas, como fez a Mancha Verde, do Palmeiras.
Para a diretoria da Gaviões, o Ministério Público deveria investigar as demais escolas e verificar se todas aplicaram no desfile o dinheiro dado pela prefeitura.
"Estamos indo embora porque temos vergonha na cara. Fomos roubados. Nós fizemos um Carnaval lindo e maravilhoso para termos umas notas dessas", disse a diretora de harmonia Rosa Maria Lopes, ao deixar o sambódromo. A Gaviões perdeu um total de quatro pontos. Dois por ter ultrapassado o limite de 65 minutos e outros dois por merchandising -deixou à mostra a marca de um dos geradores de energia.
No Grupo de Acesso, outra escola criada pela torcida corintiana também enfrentou problemas e se sentiu injustiçada. A Camisa 12 começou a apuração com menos 69 pontos e caiu para o Grupo 1.
Segundo o presidente da Liga, a escola foi punida por desfilar com 934 componentes -66 a menos do que o obrigatório (e um ponto a menos para cada integrante que faltou). Outro ponto perdido foi pela infração de desfilar incompleta e mais dois porque a escola apresentou o escudo do time.
(LUÍSA BRITO e SIMONE HARNIK)


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