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CARNAVAL 2006
Escola ligada à torcida corintiana perdeu quatro pontos, ficou em último lugar e foi rebaixada para o Grupo de Acesso em 2007
Gaviões ameaça abandonar os desfiles
DA REPORTAGEM LOCAL
A escola de samba Gaviões da
Fiel pode não mais participar do
Carnaval de São Paulo. Indignado
com as notas que a escola recebeu
ontem, o presidente da agremiação, Wellington Rocha Júnior,
disse que não voltaria a concorrer.
No fim da tarde, porém, afirmou
que iria "repensar" a decisão.
"A Gaviões está abandonando o
Carnaval de São Paulo. Sofremos
o ano todo uma exclusão. Para o
nosso povo é triste, mas não vamos ficar num lugar onde a gente
vai tirar sempre nove e nunca vai
ser reconhecido", disse Rocha Júnior na apuração. "O Carnaval de
São Paulo não é disputado na pista, é fora da pista, com manobras." A diretoria deve se reunir
nos próximos dias para decidir se
vai participar do desfile em 2007.
A escola, que obteve 283,5 pontos, de um total de 300, ficou em
último lugar e foi rebaixada para o
Grupo de Acesso.
O presidente da Liga Independente das Escolas de Samba, Alexandre Marcelino Ferreira, tentou
amenizar a situação. "Acho que a
Gaviões tem de ficar. A liga entende que a Gaviões está nervosa e isso tem que ser discutido com calma. É uma decisão que não se toma de uma hora para a outra."
A torcida corintiana compareceu ao sambódromo e acompanhou a apuração cantando o hino
do time e virando as costas para
os integrantes da mesa apuradora
quando a escola não ganhou dez
dos jurados pelos carros alegóricos. Foi nesse momento que os diretores da Gaviões ficaram inconformados. "Nossos carros eram
luxuosos, não tinha como perder
pontos", disse Rocha Júnior.
A primeira nota máxima da Gaviões foi obtida apenas no sétimo
quesito. Antes disso, porém, os
diretores se retiraram do sambódromo e convocaram a torcida a
fazer o mesmo. Na saída, alguns
torcedores tentaram interditar a
marginal Tietê, mas foram impedidos pela polícia. Com o enredo
"Asas da Fascinação", que fala sobre o anseio de vôo do homem, a
Gaviões disse ter investido R$ 2
milhões no desfile e gastou R$ 80
mil com advogados para poder
conseguir, na Justiça, o direito de
desfilar no Grupo Especial.
Por ter sido criada por uma torcida organizada, a Gaviões desfilaria no Grupo Especial das Escolas de Samba Esportivas, como fez
a Mancha Verde, do Palmeiras.
Para a diretoria da Gaviões, o
Ministério Público deveria investigar as demais escolas e verificar
se todas aplicaram no desfile o dinheiro dado pela prefeitura.
"Estamos indo embora porque
temos vergonha na cara. Fomos
roubados. Nós fizemos um Carnaval lindo e maravilhoso para
termos umas notas dessas", disse
a diretora de harmonia Rosa Maria Lopes, ao deixar o sambódromo. A Gaviões perdeu um total de
quatro pontos. Dois por ter ultrapassado o limite de 65 minutos e
outros dois por merchandising
-deixou à mostra a marca de um
dos geradores de energia.
No Grupo de Acesso, outra escola criada pela torcida corintiana
também enfrentou problemas e
se sentiu injustiçada. A Camisa 12
começou a apuração com menos
69 pontos e caiu para o Grupo 1.
Segundo o presidente da Liga, a
escola foi punida por desfilar com
934 componentes -66 a menos
do que o obrigatório (e um ponto
a menos para cada integrante que
faltou). Outro ponto perdido foi
pela infração de desfilar incompleta e mais dois porque a escola
apresentou o escudo do time.
(LUÍSA BRITO e SIMONE HARNIK)
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