São Paulo, sábado, 01 de março de 2008

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São poucos os jovens que aderem ao programa

DA SUCURSAL DO RIO

Ainda são poucos os jovens que sofrem ameaças que recorrem ao Programa de Proteção à Criança e ao Adolescente Ameaçados de Morte. Além do desconhecimento sobre sua existência mesmo por parte de especialistas em violência, a triagem feita para a entrada e as exigências quanto à confidencialidade também afastam muitos jovens ameaçados.
"Quando não há uma mediação institucional, dificilmente passa pela cabeça deles que exista algo nesse sentido", diz Raquel Willadino, coordenadora do Núcleo de Violência e Direitos Humanos do Observatório de Favelas do Rio.
Na pesquisa feita com jovens que queriam sair do tráfico, Willadino observou que os jovens ameaçados articulam outras maneiras de proteção, informais. Eles preferem ir à casa de um conhecido ou parente.
Segundo a coordenação do programa federal, a rede de atendimento social responsável pelo encaminhamento dos jovens - Vara da Infância, Conselho Tutelar e polícia especializada- já conhece bem sua existência e requisitos.
Os próprios coordenadores afirmam que o critério de seleção é muito exigente. O advogado Carlos Nicodemos, coordenador do Projeto Legal, defende que como existe uma linha muito tênue entre risco social e risco de morte, apenas os que correm um risco iminente de morrer são atendidos.
"Eles passam por um crivo forte a respeito do problema da ameaça. Como a pessoa que fica no programa tem comida, toda segurança, tem assistência médica, é preciso ver se realmente a criança que nos procura está ameaçada ou não. Senão acabamos nos transformando numa espécie de albergue. O critério da ameaça é muito elevado. Tem que ser um risco de vida iminente e real", disse José Gregori, coordenador do programa de São Paulo.
Um dos jovens foi desligado do programa em São Paulo após a coordenação descobrir que ele ir a um shopping. Manter o paradeiro em segredo é fundamental para os jovens que passam pelo programa.
"É uma medida de segurança importante e muito sofrida. Muitas vez porque você acaba não podendo estabelecer comunicação com pessoas que são muito significativas. Todo programa de proteção acaba envolvendo muitas rupturas com vínculos que são importantes. Quando se trata de adolescentes, isso é mais complicado", acredita Willadino.


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