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FELÍCIA MARDINI DE OLIVEIRA (1917-2010)
Ela nunca soube o que o regime militar fez com sua filha
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
No 22º dia de novembro de
1971, Felícia de Oliveira ouviu
pela última vez a voz da filha
Isis Dias de Oliveira pelo telefone. Ligada à ALN (Ação Libertadora Nacional), a estudante foi dada como desaparecida no ano seguinte.
A partir de então, passaram-se 38 anos sem que o governo brasileiro fosse capaz
de dar uma explicação a Felícia sobre o que o aparelho repressivo montado pela ditadura militar fez com sua filha.
Costureira nascida em Miranda, em Mato Grosso do
Sul, ela buscou durante anos a
verdade sobre o caso. Como
lembra o filho José Carlos, a
mãe viajava frequentemente
de São Paulo, onde morava, ao
Rio, cidade em que a filha desapareceu, atrás de pistas.
Em 1974, chegou a ir a Londres com o filho para confirmar um boato de que Isis estava vivendo por lá. Para sua
tristeza, não a encontrou.
O único indício sobre o que
teria acontecido surgiu em
1987, quando um médico disse ter visto Isis ser torturada.
Felícia começou a escrever
um livro sobre a filha, não finalizado. Em 1996, foi indenizada pelo governo. Em 1999,
inaugurou uma praça com o
nome da filha na zona oeste
da capital e com a seguinte
inscrição feita numa pedra:
"Quando eu não puder mais
falar, vocês falarão por mim".
Na última quarta, ela morreu aos 92, devido a problemas cardíacos. Sofria de Alzheimer. Teve três filhos, seis
netos e quatro bisnetos.
A missa de sétimo dia será
realizada amanhã, às 19h30,
na igreja Nossa Senhora do
Brasil, em São Paulo.
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