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Escritor teme revisionismo
da Sucursal de Brasília
O jornalista Eduardo Bueno
-autor do best seller "A Viagem
do Descobrimento", da Editora
Objetiva- vê com cautela a iniciativa das escolas de Brasília de trocar a palavra descobrimento por
invasão ou tomada de posse.
"Entendo e concordo com os
motivos das escolas. É claro que o
que houve foi uma invasão, uma
conquista. Mas tenho medo de que
seja deflagrada no Brasil uma onda
de revisionismo histórico como
aconteceu durante a comemoração dos 500 anos do descobrimento da América, em 1992. É desse
ranço do politicamente correto
que eu discordo", afirma.
Em seu livro, Bueno troca a palavra descobrimento por achamento, mas explica que a escolha foi casual.
Embora defenda as mesmas teses
dos professores brasilienses (de
que Cabral não foi o primeiro europeu a chegar ao Brasil e de que o
desvio para o oeste foi proposital),
Bueno prefere continuar usando
os termos tradicionais.
"Não quis entrar nessa polêmica.
Estava mais interessado em dar
ênfase à aventura que foi a chegada
dos primeiros europeus ao Brasil
do que em dar início a uma revisão
historiográfica."
O escritor -que está finalizando
o terceiro volume da coleção "Terra Brasilis"- explica que é contra
a revisão historiográfica porque
não quer que aconteça com a comemoração dos 500 anos do descobrimento do Brasil o mesmo que
ocorreu durante as celebrações
dos 500 anos da América.
"Alguns autores americanos chegaram a boicotar as comemorações, dizendo que uma invasão
não deve ser festejada. Mas temos
de admitir que estamos contando
uma história escrita pelos vencedores. O Brasil e a América são resultados desse jogo de trocas mercantis."
Para Bueno, não há problema em
manter a nomenclatura tradicional desde que, no subtexto, fique
claro para o leitor o que de fato
ocorreu.
"Escrevi no livro que o achamento do Brasil tem de ser visto pela
perspectiva da proa (dos europeus) e da praia (dos índios). Para
a proa foi descobrimento. Para a
praia, invasão."
(DF)
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