|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MUTILAÇÃO
Casos surgidos na sexta, ligados a uma seita, podem ter relação com ocorrências parecidas em São Luís
Polícia investiga outras castrações no MA
PAULO MOTA
da Agência Folha, em São Luís
A Polícia Civil do Maranhão está
investigando a participação de integrantes da seita Mundial ( Moderna Unidade Normativa de Desenvolvimento da América Latina)
no assassinato e castração de mais
três adolescentes de São Luís.
Os crimes teriam ocorrido em
1992, na Vila São José, e até hoje os
autores não foram identificados.
O delegado Marcos Quezado, diretor do Centro de Inteligência de
Segurança Pública do Maranhão,
disse que já tem elementos para ligar o caso da Vila São José com integrantes da seita Mundial, mas
prefere não revelá-los para não
atrapalhar as investigações.
Na última sexta-feira, a polícia
prendeu o estudante universitário
Donato Brandão, 28, considerado
o líder da seita.
Estudante de letras, teologia e
psicologia, Brandão é acusado de
mandar castrar José Ribamar Souza Cidreira, Rejânio de Jesus Morais e o adolescente I.R.J.B.C., 17,
todos membros da seita Mundial.
Ele nega que tenha ligação com
as castrações e alega que criava o
adolescente como se fosse seu filho. Mas membros da seita contaram com detalhes como Brandão
teria tramado a castração dos três,
ocorrida no dia 5 passado, na praia
de Araçagy, em São Luís.
A castração foi feita com uma faca serrilhada por três homens que
simularam um assalto.
Joaquim Nabuco Cunha Mouzado, considerado a segunda pessoa
na hierarquia da seita, disse à
Agência Folha que Brandão justificou a castração dizendo que essa
era a forma de purificá-los.
"Ele disse que todos os anjos
eram castos e que eles deviam seguir o mesmo caminho", disse.
Mouzado admitiu ainda ter ajudado Brandão a contratar os três
homens que fingiram assaltar os
três seguidores da seita castrados.
Ainda de acordo com o integrante
da seita, Cidreira e Morais sabiam
que iam ser castrados durante a simulação do assalto.
Em depoimento à polícia, Morais
confirmou a versão de Mouzado,
mas Cidreira preferiu ficar calado.
O delegado Quezado diz que a polícia trabalha com a hipótese de
que Brandão mandou castrar
I.R.J.B.C. motivado por ciúmes.
O jovem havia fugido de casa em
dezembro e Brandão teria prometido livrá-lo definitivamente da
tentação de procurar mulheres.
²
Castração voluntária
A participação de Morais e Cidreira teria sido voluntária, segundo a polícia.
Em depoimento ao delegado,
ambos disseram que acreditavam
estar purificando seus corpos e
que não se arrependiam de terem
entrado na seita Mundial.
Na casa que servia de sede para a
seita, a polícia encontrou e apreendeu um aparelho que serve para
ampliar o volume de um pênis e
comprimidos de ecstasy (droga
que provoca sensação de euforia).
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|