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EDMAR VIANA
O fino traço do humor em jornais do RN
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Pivete era um menino negro
e pobre que não se dava por
vencido, cheio de artimanhas
para driblar a vida de rua. "Era
nosso Chaves potiguar", define
um chargista, referindo-se ao
personagem da série de TV. E
era a síntese da ponta do lápis
de Edmar Viana.
Nascido em Natal, cresceu
em Nova Cruz (RN), para onde
o pai, recenseador do IBGE
apaixonado por fotografia, foi
transferido. E lá se abasteceu
de revistas de quadrinhos, logo
rabiscando cópias dos personagens de bangue-bangue dos gibis.
De volta a Natal, aos 16, tinha
já um contorno atrevido, quando deixou, na portaria do "Diário de Natal", a charge para a
coluna esportiva de Everaldo
Lopes, sobre o jogo do ABC na
África. Conquistou o primeiro
emprego.
"Ele tinha o lado esquerdo,
racional, e o direito, criativo,
igualmente grandes", diz a viúva, ao explicar por que ele fez
matemática e especialização
em análise de sistemas; deu aulas na universidade e trabalhou
como analista de sistemas da
Cosern (Companhia Energética do Rio Grande do Norte)
-mesmo após criar, com o
amigo Lopes, a coluna "Cartão
Amarelo", com charges futebolísticas picantes.
Edmar revivia a infância devorando os faroestes de John
Wayne, relendo sua "coleção
incalculável" de revistas e gibis
(que escondia da filha adotiva e
dos três enteados) e no bloco de
rua "Poetas, Carecas, Bruxas e
Lobisomens", que criou e cujas
roupas desenhava. Esse foi o
quarto ano de folia -sem ele.
Morreu na última terça, aos 52,
do coração.
obituario@folhasp.com.br
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