São Paulo, terça-feira, 01 de abril de 2008

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EDMAR VIANA

O fino traço do humor em jornais do RN

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Pivete era um menino negro e pobre que não se dava por vencido, cheio de artimanhas para driblar a vida de rua. "Era nosso Chaves potiguar", define um chargista, referindo-se ao personagem da série de TV. E era a síntese da ponta do lápis de Edmar Viana.
Nascido em Natal, cresceu em Nova Cruz (RN), para onde o pai, recenseador do IBGE apaixonado por fotografia, foi transferido. E lá se abasteceu de revistas de quadrinhos, logo rabiscando cópias dos personagens de bangue-bangue dos gibis.
De volta a Natal, aos 16, tinha já um contorno atrevido, quando deixou, na portaria do "Diário de Natal", a charge para a coluna esportiva de Everaldo Lopes, sobre o jogo do ABC na África. Conquistou o primeiro emprego.
"Ele tinha o lado esquerdo, racional, e o direito, criativo, igualmente grandes", diz a viúva, ao explicar por que ele fez matemática e especialização em análise de sistemas; deu aulas na universidade e trabalhou como analista de sistemas da Cosern (Companhia Energética do Rio Grande do Norte) -mesmo após criar, com o amigo Lopes, a coluna "Cartão Amarelo", com charges futebolísticas picantes.
Edmar revivia a infância devorando os faroestes de John Wayne, relendo sua "coleção incalculável" de revistas e gibis (que escondia da filha adotiva e dos três enteados) e no bloco de rua "Poetas, Carecas, Bruxas e Lobisomens", que criou e cujas roupas desenhava. Esse foi o quarto ano de folia -sem ele. Morreu na última terça, aos 52, do coração.


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