São Paulo, quarta-feira, 01 de abril de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Patrimônio municipal tomba o City Lapa

Com a decisão do Conpresp, ficam proibidas modificações no tamanho de imóveis e de vias dos bairros de Alto da Lapa e Bela Aliança

Reformas e demolições precisam ter aval de conselho; urbanização do local, implantada pela Companhia City, começou em 1921


MARIANA BARROS
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Conpresp, órgão municipal de preservação do patrimônio, decidiu tombar o City Lapa, área residencial que inclui os bairros de Alto da Lapa e Bela Aliança, na zona oeste de São Paulo, em uma reunião ontem.
Além de decidir pela preservação, o órgão entrou com um pedido de tombamento para três quadras do entorno, onde há casas e também comércio, ainda sem data para ser votado.
Com a decisão, ficam definitivamente "congelados" o traçado urbano, que inclui o desenho das vias e das áreas verdes, e o volume das construções, que só poderão ser substituídas por outras de dimensões equivalentes -reformas e demolições precisam ter autorização do Conpresp.
O intuito é preservar as características originais -ruas sinuosas e bem arborizadas- implantadas pela Companhia City a partir de 1921. "Não se trata de mais restrições; apenas reforçamos o que já estava previsto nos contratos da City", diz José Lefèvre, presidente do Conpresp. Especializada em projetos de urbanização, a City estabeleceu no Brasil o conceito de "cidade jardim", usado em bairros como Pacaembu e Jardim América, já tombados.
"Áreas de beleza urbanística [como o City Lapa] são uma exceção na cidade. Têm que ser valorizadas, preservadas da sanha da especulação do mercado imobiliário", diz o urbanista Cândido Malta Campos Filho, defensor do tombamento.
A preservação definitiva era aguardada desde 1992, quando os moradores entraram com a solicitação -e o conselho abriu o processo de tombamento, o que protegeu provisoriamente, desde então, os imóveis locais.
Segundo o urbanista Roberto Rolnik, da Assampalba (associação de moradores do Alto da Lapa e Bela Aliança), a preservação dos "bairros jardim" é importante não só pela estética, mas porque ajudam a amenizar as ilhas de calor, causadas pela concentração de edifícios das áreas vizinhas. Para a diretora do movimento Defenda São Paulo Lucila Lacreta, esses bairros contribuem para a drenagem da cidade, mantendo uma quantidade satisfatória de áreas permeáveis, e ajudam a manter o equilíbrio ambiental.

Inspiração inglesa
O conceito de "cidade jardim", conta Malta, nasceu no final do século 19, criado pelo arquiteto inglês Ebenezer Howard. "A ideia dele foi criar cidades jardim no entorno de Londres, justamente para limitar o crescimento da cidade."
Foi um discípulo de Howard -o urbanista Barry Parker, também inglês, que veio para o Brasil fugindo da Primeira Guerra Mundial- quem projetou o City Lapa. Desenvolvido para abrigar operários, o local, que ocupa 2,1 milhões de metros quadrados, atraiu pessoas de alto poder aquisitivo.


Texto Anterior: Há 50 Anos
Próximo Texto: Ideia de abrandar lei antifumo perde força
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.