São Paulo, quarta-feira, 01 de maio de 2002

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LEGISLATIVO

Ato da presidência da Câmara tem apoio de líderes e ocorre dias após recusa do PT de votar contabilidade de Maluf

Ex-prefeito ganha direito à defesa de contas

MELISSA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma decisão do presidente da Câmara Municipal, José Eduardo Cardozo (PT), deve dificultar a rejeição das contas de ex-prefeitos de São Paulo pelo Legislativo. A decisão saiu uma semana após o PT se recusar a discutir as contas do ex-prefeito Paulo Maluf (PPB).
De acordo com o que decidiu Cardozo, todos os prefeitos e ex-prefeitos passam a ter o direito de se defender de uma possível rejeição de suas contas pela Câmara, o que os tornaria inelegíveis.
O benefício da defesa é previsto pela Constituição, mas não era adotado pela Câmara.
Na prática, a decisão significa que, além de analisar o parecer do TCM (Tribunal de Contas do Município) sobre a execução orçamentária do ex-prefeito, os vereadores também terão que considerar seu depoimento para decidir se rejeitam suas contas.
Segundo Cardozo, sem a medida, as rejeições de contas pela Câmara poderiam ser derrubadas posteriormente na Justiça, caso os ex-prefeitos alegassem que não puderam se defender.
"A medida beneficia todos os administradores porque é incorreto não permitir que um acusado se defenda", disse Cardozo.
Para que o direito à defesa seja facultado aos administradores, a Mesa Diretora da Câmara vai apresentar amanhã um projeto que altera o Regimento Interno da Casa. São necessários 28 votos (de um total de 55 vereadores) para aprovar o projeto.
As contas de Maluf, referentes ao exercício de 1995, foram aprovadas com ressalvas pelo TCM. A votação do parecer do tribunal pela Câmara não deve acontecer antes da mudança do regimento.
Cardozo definiu também que, até que seja alcançado um dos quóruns necessários, 19 votos para aprovação ou 37 votos para rejeição, de um total de 55 vereadores, a votação ficará pendente para a sessão seguinte.
As decisões de Cardozo foram bem recebidas pelos líderes de bancada, inclusive os de oposição, que antes acusaram o PT de estar adiando a votação para beneficiar Maluf. "Há todas as condições para não adiar a votação, houve um comprometimento dos líderes de que o projeto será aprovado com urgência", afirmou o líder do PSDB, Ricardo Montoro.
O vereador Milton Leite (PMDB), que havia feito um requerimento de inversão de pauta para discutir ontem as contas de Maluf, também concordou. "Se a gente discute e vota sem dar chance de defesa, o Maluf entra na Justiça e derruba a decisão", disse.



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