No Dia do Índio, estudantes de escola em SP se pintaram com produto inadequado fornecido pela escola

DA REPORTAGEM LOCAL

No último dia 19, os alunos da escola de educação infantil Bougainville, na Lapa (zona oeste de São Paulo), comemoraram o Dia do Índio pintando o rosto conforme tradição de algumas tribos. O produto disponibilizado pela escola foi a Cola Colorida, da Faber Castell, há dois anos fora de linha.
No momento de remover o produto, começaram os problemas. A médica Fabíola Cordeiro relata que seu filho de três anos, que frequenta a escola, reclamou de ardência ao chegar em casa com o rosto pintado. "Quando tiramos a tinta do rosto, o local ficou vermelho."
No dia seguinte, vários alunos chegaram à escola com manchas na região onde foi aplicada a cola. Na última segunda-feira, uma semana após a atividade, um aluno ainda apresentava cicatrizes.
No verso da embalagem da Cola Colorida, abaixo de um texto que afirma que o produto é indicado para trabalhos escolares e artesanais, há o aviso: "Produto não indicado para uso na pele". O site da marca confirma: "Esses produtos [Cola Colorida e tinta plástica] não podem ser utilizados sobre a pele, pois não são apropriados para esse fim". Entre as consequências do uso inadequado, afirma o site, estão irritações e queimaduras dermatológicas.
A escola não quis se manifestar sobre o caso (leia ao lado).
A dermatologista Rosana Lazzarini, da Clínica de Dermatologia da Santa Casa de São Paulo, avalia que os alunos podem ter apresentado dermatites em razão do uso de um produto inadequado para a pele.
Para evitar episódios desse tipo, ela ressalta a importância de observar com atenção as informações contidas no rótulo dos produtos. "Algumas vezes, produtos aparentemente inofensivos podem causar danos se utilizados de forma diferente da recomendada e em faixa etária inadequada", afirma.
Já a advogada Maíra Feltrin Alves, do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), alerta que o aviso na embalagem da Cola Colorida é vago. "O produto não é indicado para a pele por um motivo específico: causa danos. Esses danos deveriam estar explícitos na embalagem, e não no site. Ao ler que o produto não é indicado, a pessoa pode imaginar que esse não é o uso ideal, mas que não haveria problemas", diz.
Ainda que as indicações de uso sejam vagas, afirma, os consumidores devem respeitar os avisos. (LETICIA DE CASTRO)


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