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Canhoto de cheque liga Garib a propina
OTÁVIO CABRAL
da Reportagem Local
A CPI da Câmara acredita ter
achado o maior indício material da
ligação do ex-vereador e atual deputado estadual Hanna Garib
(suspenso pelo PPB) com a cobrança de propinas na Regional da
Sé: um canhoto de cheque.
O canhoto estava entre os documentos apreendidos na madrugada de domingo passado no depósito do comerciante Nélson Augustatis, dono de 46 barracas de cachorro-quente e pastel na região
central de São Paulo.
Na noite de anteontem, examinando os documentos, o vereador
Dalton Silvano (PSDB), membro
da CPI da máfia da propina, e o delegado Romeu Tuma Júnior, acharam o canhoto.
Datado de 17 de julho de 98, o canhoto de cheque apontava o valor
de R$ 1.000 e tinha três anotações:
AR-Sé, Eduardo e Garib.
Segundo Silvano, Eduardo é um
fiscal da Sé que recebia a propina
da Augustatis e entregava a Garib.
"Ninguém em sã consciência vai
colocar o nome de quem não conhece em um canhoto", afirmou
Silvano. "Este é o maior indício
material da participação do Garib
no esquema de propinas da Sé."
Em depoimento à CPI, Augustatis declarou que pagava a fiscais da
Sé R$ 2.000 por semana, em dois
cheques, para poder montar suas
barracas. O destinatário final do
dinheiro, segundo ele, era Garib.
Extrato bancário de Augustatis
mostra que este cheque foi descontado de sua conta. A CPI vai enviar
o canhoto à Assembléia Legislativa, que deve pedir ao Banco Central para rastrear o cheque e descobrir quem o descontou.
O relatório final da CPI sobre a Sé
deve ser apresentado ao plenário
da Câmara na terça-feira. Amanhã, os cinco membros devem se
reunir para discutir os detalhes finais do documento, que deve
apontar Garib como o pivô do esquema de corrupção na regional.
"Há mais indícios contra o Garib
do que havia contra o Viscome. O
esquema na Sé tinha mais tentáculos, pois é uma regional mais rica,
com mais camelôs e mais bancas
irregulares", declarou Silvano.
Além do canhoto do cheque, outro indício material é uma agenda
apreendida no depósito de Augustatis, com balanço de pagamentos
de propinas e números de telefone,
celular e bip de Garib. Depoimentos de camelôs e fiscais também
apontam Garib como destinatário
final do dinheiro arrecadado.
O presidente da CPI, José Eduardo Cardozo (PT), prorrogou até as
19h de terça-feira o prazo de defesa
de Garib. Mas o advogado do deputado, Alberto Rollo, afirmou
que só irá se defender na Assembléia, "que é o foro competente para julgá-lo".
O advogado também não quis fazer comentários sobre o canhoto
que supostamente revelaria cheque destinado a Garib.
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