São Paulo, sábado, 01 de junho de 2002

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NARCOTRÁFICO

Produção semanal de 100 kg da droga teria como destino os morros do Rio de Janeiro, segundo a polícia

PF descobre refinaria paulista de cocaína

DA FOLHA RIBEIRÃO

A Polícia Federal em Araraquara desmantelou na madrugada de ontem uma refinaria de cocaína em Santa Rita do Passa Quatro (253 km de São Paulo) que abastecia, segundo investigadores, o narcotráfico nos morros cariocas.
De acordo com a PF, a refinaria recebia periodicamente pasta de cocaína de Cochabamba, na Bolívia. De Santa Rita, segundo depoimento das três pessoas presas, a droga já preparada seguiria, de carro, para o morro da Mangueira e a favela de Vigário Geral. Seriam 100 kg de cocaína por semana -um faturamento estimado em R$ 600.000 pelos detidos.
A refinaria funcionava numa chácara, na zona rural de Santa Rita. Uma casa na região central da cidade servia como uma espécie de depósito. Ao todo, foram apreendidos 48 kg da droga, quatro veículos, uma prensa e materiais para misturar ingredientes à cocaína e embalar a droga, segundo o delegado Cláudio Cavallaro.
Ainda segundo a polícia, a droga vinha de avião da Bolívia. O transporte faz parte da chamada "rota caipira" do tráfico, em que as aeronaves desembarcam nas dezenas de pistas clandestinas da região de Ribeirão Preto.
A quadrilha vinha sendo investigada havia cerca de um mês pelo serviço de inteligência da polícia.
Ontem, os agentes da PF invadiram a chácara e prenderam de imediato duas pessoas -Alfredo Antônio Galhardo, 41, e Fábio Gomes de Campos, 22- e apreenderam 18 kg da droga e duas camionetes. Também encontraram lá várias caixas de sal amargo e cal, usados na mistura, e uma prensa.
Em seguida, a polícia foi levada para uma casa no centro de Santa Rita, onde achou mais 30 kg da cocaína prontos para serem transportados. Na residência, os agentes prenderam Roseana Alves da Silva, 37. Outros dois veículos foram apreendidos no local.
Em seus depoimentos, os acusados informaram que cada quilo do produto seria vendido por R$ 6.000. "Sabemos que a droga seria levada para o Rio e que se trata de tráfico internacional de drogas. O resto vamos investigar", afirmou o delegado Cavallaro.
O delegado da PF em Ribeirão Preto, Wilson Perpétuo, declarou que as informações obtidas nos depoimentos dos três acusados serão usadas em outra investigação . "Vamos trocar figurinhas."
A polícia quer saber qual é a ligação do grupo com a quadrilha presa em agosto do ano passado, em Minas Gerais, que tinha vínculo com Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo. Os traficantes lavariam o dinheiro da venda de drogas com a compra de propriedades na região de Ribeirão Preto. Na versão da PF, o grupo teria ligações com o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar.
(ODILON COMODARO, EVANDRO SPINELLI e ROGÉRIO PAGNAN)


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