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SAÚDE
Em 16 capitais, taxa dos que deixaram de fumar chega a 58,3%; preocupa o aumento do número de jovens fumantes
Ministério vê queda no consumo de cigarro
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Nos últimos 15 anos, o brasileiro
reduziu o consumo de cigarros. O
jovem, no entanto, difere desse
comportamento, o que preocupa
o Ministério da Saúde.
A constatação foi feita ontem
pelo Inca (Instituto Nacional de
Câncer) e pelo ministério, durante a divulgação de duas pesquisas
sobre o tabagismo no país.
Em 1989, último dado disponível, o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) estimou
em 31,7% o índice de fumantes no
país. Em uma das pesquisas divulgadas ontem, feita pelo Inca, a taxa em 16 capitais varia de 12,9%
em Aracaju (SE) a 25,2% em Porto Alegre (RS).
Por isso, embora a metodologia
diferente não permita uma comparação direta, o Inca considera
que houve a redução.
A pesquisa também indicou que
as maiores taxas de fumantes estão entre homens, de capitais das
regiões Sul e Sudeste e com até sete anos de escolaridade (ensino
fundamental incompleto).
Ela apresenta o percentual de
tabagismo no Brasil com base em
23.457 entrevistas feitas em 16 capitais. Já a outra pesquisa, feita
com a colaboração da OMS (Organização Mundial da Saúde),
traz a taxa entre alunos de 7ª e 8ª
séries do fundamental e do 1º ano
do ensino médio de escolas públicas e particulares de 12 capitais.
Os trabalhos foram apresentados no Dia Mundial sem Tabaco,
que neste ano tem o Brasil como
sede das comemorações.
"O impacto positivo da redução
de fumantes no Brasil sobre a saúde pública será perdido se os jovens continuarem fumando", diz
o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa.
A OMS estima que 100 mil
crianças e jovens se tornam fumantes regulares por dia no mundo. Globalmente, segundo a organização, cerca de 300 milhões de
fumantes são jovens. Não é possível comparar os índices brasileiros divulgados ontem com os de
outros países, segundo o Inca.
Outro dado importante da pesquisa das 16 capitais: a taxa de
pessoas que pararam de fumar é
alta, ficando entre 44% e 58,3%.
Chega a ser superior se comparado a países desenvolvidos, como
Estados Unidos -média de 40%.
Capitais do Sul lideram
A pesquisa aponta ainda que a
maior proporção de fumantes regulares está nas cidades do Sul
-Porto Alegre (25,2%), Curitiba
(21,5%) e Florianópolis (21,4%).
Quando a divisão é feita por sexo, o percentual entre os homens
varia de 17,9% (Natal) a 28,2%
(Porto Alegre), enquanto entre as
mulheres não passa de 22,9%
(também na capital gaúcha).
A taxa de escolaridade é outro
fator correlacionado à decisão de
fumar.
O Inca está preparando, com base
nesses dados, uma média geral
para o Brasil, que deve ser divulgada até o final do ano.
Em relação aos jovens, mais meninos experimentam cigarro em
comparação a meninas, com exceção dos moradores de Curitiba
e Porto Alegre. Entre 11,5% e
35,3% seriam classificados como
fumantes regulares, ou seja, fumaram cem cigarros ou mais na
vida e continuam com o hábito.
Entre os que já experimentaram, há um alto índice de adolescentes que fumaram pela primeira vez antes dos 13 anos. Varia de
47% dos jovens entrevistados em
Aracaju até 80% em Curitiba.
No ano passado, um grupo de
pesquisadores da Universidade
Federal de Pelotas (RS) divulgou
estudo que revela a existência de
uma forte correlação entre o trabalho na juventude e o hábito de
fumar. Entre os jovens trabalhadores a prevalência de fumo foi de
14,9%; entre os que não trabalhavam, foi de 4%.
Para o diretor-geral do Inca, José Gomes Temporão, um dos dados mais preocupantes é que, em
todas as capitais pesquisadas, entre 60,2% e 89,9% dos jovens fumantes dizem comprar cigarro
em lojas sem ser impedidos.
"Mostra fragilidade das políticas
públicas nesse aspecto, apesar da
legislação rígida."
O Brasil foi escolhido pela OMS
como sede das atividades do Dia
Mundial sem Tabaco pelo reconhecimento do trabalho no controle do cigarro -restrição em
propagandas, por exemplo. O
país foi o segundo a assinar a convenção internacional e deve estar
entre os 40 primeiros a ratificá-la.
Esse trabalho rendeu ontem, inclusive, elogio do ministro da
Saúde, Humberto Costa, ao ex-ministro José Serra.
Colaborou a Redação
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