São Paulo, sexta-feira, 01 de junho de 2007

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Prefeitura vai pagar inspeção de veículos

DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito Gilberto Kassab deu detalhes da gratuidade do programa de inspeção veicular da prefeitura, que deve começar no próximo ano.
Sem citar cifras, ele afirmou que os motoristas não precisarão pagar pela inspeção porque a prefeitura vai bancar os custos do programa.
A frota de ônibus da cidade também será renovada integralmente até o final do ano que vem, de acordo com o prefeito. "Isso é investir em transporte público", frisou.
O objetivo da inspeção veicular e da renovação da frota é a melhora da qualidade do ar.
Kassab também antecipou detalhes do projeto de incentivo para a recuperação de fachadas de imóveis comerciais. Serão beneficiados com isenção de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), segundo ele, imóveis com valor venal de até R$ 300 mil. Após esse valor, haverá uma redução progressiva da isenção.
A prefeitura perderá entre R$ 30 milhões e R$ 35 milhões com essa isenção, de acordo com o prefeito.
Ele disse que a segunda fase do programa Cidade Limpa deve contemplar anúncios publicitários em mobiliários urbanos, como abrigos de ônibus e relógios.
A prefeitura vai demolir os edifícios São Vito e Mercúrio, vizinhos do Mercado Municipal, afirmou Kassab. A área deve ganhar uma praça que servirá de ligação entre o mercado e o Palácio das Indústrias, antiga sede da prefeitura que será convertida em museu do brinquedo a ser implantado pelo governo do Estado.
Sobre a Nova Luz, rótulo publicitário que a prefeitura usa para designar a cracolândia, o prefeito disse que 62 empresas já se habilitaram para apresentar projetos para a área.

 
Gilberto Kassab não tem um plano específico para reduzir o número de carros das ruas, uma das principais fontes de poluição da cidade. Disse que a melhora do transporte público vai levar as pessoas a deixar os seus veículos em casa.
Ao ser questionado se queria ser a versão nacional de Al Gore, o político americano que adotou a ecologia como sua principal bandeira, o prefeito recusou comparações. Disse que depois do programa Cidade Limpa, de veto a outdoors nas ruas, tem três prioridades nessa área: a qualidade da água e do ar e a poluição sonora.
A água terá ganhos, segundo o prefeito, com o programa de retirada de moradores de áreas invadidas nos mananciais. Já o ar vai melhorar com o programa de inspeção veicular gratuito (leia texto ao lado) e com um transporte público mais eficiente, de acordo com Kassab.
O prefeito disse ser contra a ampliação do rodízio, por considerar que o transporte público não daria conta do aumento de demanda, e da instituição de pedágios urbanos, modelo adotado por Londres e Cingapura.
O problema dos motoboys também será sanado com as melhoras do trânsito: "À medida que você tiver um transporte público de qualidade o número de motoboys vai reduzir".
Citou dois exemplos desse tipo de investimento: o Expresso Tiradentes, corredor de 32 km que deve beneficiar 500 mil pessoas, segundo ele, e a parceria com o governo do Estado para ampliar o metrô.

Saúde e educação
Kassab foi sabatinado pelos jornalistas Vaguinaldo Marinheiro, secretário de Redação da Folha, Rogério Gentile, editor de Cotidiano, Silvio Cioffi, editor de Turismo, e Raul Juste Lores, repórter especial.
O prefeito disse que os maiores problemas da cidade são na área de educação e saúde.
Afirmou que seu governo já conseguiu atingir as duas primeiras metas que havia estabelecido para a educação: eliminar as 54 escolas de lata que existiam na cidade e o aumento de salário para professores e servidores da educação. O reajuste para esses funcionários foi de 54% nos últimos 12 anos, segundo Kassab.
A terceira prioridade, anunciou, será o fim do terceiro turno das escolas municipais -ele é conhecido como "turno da fome", porque vai das 11h às 15h, justamente no horário do almoço. O terceiro turno será eliminado com a construção de 70 escolas e 22 CEUs (centros de educação que têm piscina e teatro, lançados na gestão de Marta Suplicy), ainda de acordo com o prefeito.
A lentidão do processo licitatório, "natural" em qualquer democracia, é a fonte das frustrações, segundo o prefeito. Não há problemas gerenciais na prefeitura, na visão de Kassab. Ele fez elogios rasgados a seu secretariado, considerado por ele como uma espécie de time dos sonhos.

Menos analfabetos
Ainda segundo Kassab, 75% das escolas municipais já têm dois professores por sala de aula. A medida, de acordo com ele, reduziu o grau de analfabetismo funcional nas escolas do município.
Kassab citou uma pesquisa, sem especificar fonte e datas, segundo a qual de 30% a 35% dos alunos continuavam analfabetos no terceiro ano do ensino fundamental. Com dois professores, segundo ele, o percentual de analfabetos no primeiro ano caiu para menos de 25%.
A distribuição de medicamentos e as parceiras com instituições como a USP e Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) foram citados por Kassab como exemplos de melhora no sistema de saúde.
Segundo ele, foram distribuídos R$ 2 bilhões em medicamentos nos últimos dois anos. "Hoje não falta medicamento na nossa rede pública", afirmou, depois de citar que o maior problema nessa área há três anos era a falta de remédios. "A saúde nos traz muita frustração ao mesmo tempo que traz muita alegria."
A principal frustração, segundo ele, é a lentidão na mudança da rede de saúde. A cidade já tem 50 AMA (Assistência Médica Ambulatorial), tipo de equipamento intermediário entre o posto de saúde e o hospital, mas o prefeito quer criar mais cem até o final do ano. A AMA, segundo ele, já reduziu as filas nos hospitais.
Ao comparar cidades do mundo, Kassab disse: "O nosso sonho é a cidade de Nova York". O modelo que ele tenta seguir, porém, é o de Barcelona.
O prefeito fugiu de qualquer polêmica. Ao ser incitado a dizer o que achava da opinião do padre Julio Lancelotti de que o programa social aplicado na região central é "higienista", Kassab não quis opinar: "Acho que não vale a pena polemizar com o padre e com a Igreja Católica". Disse ser contra o aborto, a pena de morte e a redução da maioridade penal.
Sobre a união civil de homossexuais, jogou a questão para o território da decisão pessoal: "É um direito das pessoas. Se a pessoa quiser fazer um contrato, tudo bem".
Kassab também evitou responder se será candidato à reeleição no próximo ano. Segundo ele, não existe a hipótese de o PSDB e o DEM lançarem candidatos independentes à prefeitura paulistana.
Um dos cenários previstos para a eleição municipal é o lançamento da candidatura de Geraldo Alckmin pelo PSDB, o que pode inviabilizar a aliança desejada por Kassab. Ele não quis debater esse cenário. Preferiu ser vago: "Eu admito a hipótese de ser candidato e de não ser candidato".


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