São Paulo, domingo, 01 de junho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ainda incompleto, shopping agrada no 1º dia

Cidade Jardim, novo templo de luxo paulistano, foi inaugurado ainda com parte das lojas fechada e com obras no 4º andar

Avisos de "em breve" e barulho de furadeira e martelo mostram que empreendimento ainda não foi concluído

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Não importa que o mau cheiro do rio Pinheiros entrasse com o vento a 15C pela porta do shopping Cidade Jardim na manhã de ontem, dia da inauguração. E que invadisse o restaurante Fasano e a loja Louis Vuitton, na entrada. Ou ainda que houvesse lojas fechadas e obras e barulho. Os clientes adoraram o novo empreendimento na marginal Pinheiros, na zona oeste de São Paulo.
"É maravilhoso! Tem grifes superchiques, parece que você está em outro país", diz a dentista, "hoje do lar", Patrícia de Aguiar, 44, ao sair da loja de bolsas com a filha, Rebeca, 12 -que descreve a mãe: "Miu Miu, a bolsa; Gucci, o relógio; Gucci, o sapato...". Isso "sem falar da Daslu, que está um arraso", diz. "Mas o melhor é o ar daqui, parece que é aberto." Ao olhar para cima, ela vê que não há teto no jardim de palmeiras, trepadeiras e orquídeas.
"Tá frio, mas tá chique pra burro", diz a comerciante Denise Ventura com a sacola da Daslu na mão. "Não é só para comprar, é para passear", concorda a advogada Sônia de Albuquerque Maranhão, 60. De blusa de oncinha e colar de pérolas (verdadeiras, é claro), ela afirma: não cruzará mais a ponte para ir ao concorrente Iguatemi.
A maioria chegou ao meio-dia e de carro -não há entrada para pedestre. Quem chega a pé tem de se meter entre os carros. "É um problema que estamos analisando", diz um segurança, ali desde as 10h15. Ele deveria contar o público total. Mas perdeu uma meia dúzia de afoitos.
"Paulista gosta de shopping, é o programa do fim de semana, ainda mais com temperatura de Primeiro Mundo", diz a designer Cláudia Issa, 40, que trouxe o marido e os sogros cariocas para conhecer o lugar. Que com palmeiras aqui e ali -até entre as motos Harley-Davidson da Daslu Homem-, e madeira nos ventiladores de teto e escadas, ganhou um "clima chique clean sofisticado", segundo a consultora de moda Sheila Cortez, 34. "É como se fosse um shopping de Miami; maravilhoso é a palavra certa."

Meia-boca
Mas avisos de "em breve" ou "coming soon", o "cheiro de novo" da cola e o barulho de martelo e furadeira, intermitente no quarto andar, mostravam que ainda há o que fazer.
"O pessoal prefere abrir meia-boca a esperar", diz o diretor de seguradora Farid Eid, 48, lá para se matricular na academia Reebok Sports Club, com Murilo, 4, pela mão. Surpreso que o elevador não fosse ao quarto andar, ouviu do servente: "Tem que ir pela escada, moço". Na academia (que custa até R$ 700 por mês, com "espaço zen" e "o maior spa da América Latina") ouviu o duelo da furadeira com a house music.
Difícil foi comer, não só para as faxineiras que chegaram às 9h no ônibus do Jardim Ângela e se chocaram com o preço da "boutique" de batata -R$ 12,70 a cozida com azeite. "Faltam mais opções", diz o consultor gastronômico Elias Nunes, que foi "atrás da praça de alimentação", mas não achou. Acabou namorando, na vitrine da Louis Vuitton, um par de sapatos pretos. Custavam R$ 20.020.


Texto Anterior: Há 50 anos
Próximo Texto: Transportes: Pedágios do Estado terão reajuste de 11,52% em julho
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.