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Ainda incompleto, shopping agrada no 1º dia
Cidade Jardim, novo templo de luxo paulistano, foi inaugurado ainda com parte das lojas fechada e com obras no 4º andar
Avisos de "em breve" e barulho de furadeira
e martelo mostram
que empreendimento
ainda não foi concluído
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Não importa que o mau cheiro do rio Pinheiros entrasse
com o vento a 15C pela porta
do shopping Cidade Jardim na
manhã de ontem, dia da inauguração. E que invadisse o restaurante Fasano e a loja Louis
Vuitton, na entrada. Ou ainda
que houvesse lojas fechadas e
obras e barulho. Os clientes
adoraram o novo empreendimento na marginal Pinheiros,
na zona oeste de São Paulo.
"É maravilhoso! Tem grifes
superchiques, parece que você
está em outro país", diz a dentista, "hoje do lar", Patrícia de
Aguiar, 44, ao sair da loja de
bolsas com a filha, Rebeca, 12
-que descreve a mãe: "Miu
Miu, a bolsa; Gucci, o relógio;
Gucci, o sapato...". Isso "sem falar da Daslu, que está um arraso", diz. "Mas o melhor é o ar
daqui, parece que é aberto." Ao
olhar para cima, ela vê que não
há teto no jardim de palmeiras,
trepadeiras e orquídeas.
"Tá frio, mas tá chique pra
burro", diz a comerciante Denise Ventura com a sacola da Daslu na mão. "Não é só para comprar, é para passear", concorda
a advogada Sônia de Albuquerque Maranhão, 60. De blusa de
oncinha e colar de pérolas (verdadeiras, é claro), ela afirma:
não cruzará mais a ponte para
ir ao concorrente Iguatemi.
A maioria chegou ao meio-dia e de carro -não há entrada
para pedestre. Quem chega a pé
tem de se meter entre os carros.
"É um problema que estamos
analisando", diz um segurança,
ali desde as 10h15. Ele deveria
contar o público total. Mas perdeu uma meia dúzia de afoitos.
"Paulista gosta de shopping,
é o programa do fim de semana,
ainda mais com temperatura
de Primeiro Mundo", diz a designer Cláudia Issa, 40, que
trouxe o marido e os sogros cariocas para conhecer o lugar.
Que com palmeiras aqui e ali
-até entre as motos Harley-Davidson da Daslu Homem-, e
madeira nos ventiladores de teto e escadas, ganhou um "clima
chique clean sofisticado", segundo a consultora de moda
Sheila Cortez, 34. "É como se
fosse um shopping de Miami;
maravilhoso é a palavra certa."
Meia-boca
Mas avisos de "em breve" ou
"coming soon", o "cheiro de novo" da cola e o barulho de martelo e furadeira, intermitente
no quarto andar, mostravam
que ainda há o que fazer.
"O pessoal prefere abrir
meia-boca a esperar", diz o diretor de seguradora Farid Eid,
48, lá para se matricular na academia Reebok Sports Club,
com Murilo, 4, pela mão. Surpreso que o elevador não fosse
ao quarto andar, ouviu do servente: "Tem que ir pela escada,
moço". Na academia (que custa
até R$ 700 por mês, com "espaço zen" e "o maior spa da América Latina") ouviu o duelo da
furadeira com a house music.
Difícil foi comer, não só para
as faxineiras que chegaram às
9h no ônibus do Jardim Ângela
e se chocaram com o preço da
"boutique" de batata -R$ 12,70
a cozida com azeite. "Faltam
mais opções", diz o consultor
gastronômico Elias Nunes, que
foi "atrás da praça de alimentação", mas não achou. Acabou
namorando, na vitrine da Louis
Vuitton, um par de sapatos pretos. Custavam R$ 20.020.
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