São Paulo, domingo, 01 de junho de 2008

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Filhos na "balada" deixam pais ansiosos

Pesquisadora diz que ansiedade deve ser controlada e adultos devem confiar nas orientações repassadas aos jovens

Mãe diz que filhos resistem à idéia de usar táxi para sair de casa; pais fazem monitoramento pelo telefone celular

DA REPORTAGEM LOCAL

Havia tempo que a empresária Christiane Rando, mãe de Fernanda de Sampaio Barros, 23, e Frederico de Sampaio Barros, 21, não dormia. O sossego veio agora, quando o filho foi fazer faculdade nos EUA.
"Toda vez que eles saem de casa só consigo dormir quando ouço o barulho de chave na porta. O estresse é total. Apesar de quase implorar para que meus filhos utilizem o serviço de táxi para irem e voltarem das baladas é impressionante como eles resistem a essa idéia", diz.
A angústia de Christiane é igual à de tantas outras mães que não dormem de ansiedade até que os filhos jovens voltem para casa depois de uma noite baladas regadas a álcool.
Os conselhos são os mesmo: se beber, não dirija; celular ligado para monitoramento; não aceitar carona de quem bebeu; voltar de táxi em caso de embriaguez; não aceitar bebida de pessoas estranhas.
"Os pais devem aprender também a controlar a própria ansiedade e confiar nas próprias orientações", diz Eroy Aparecida da Silva, pesquisadora da Unidade de Dependência de Drogas da Unifesp, também mãe de um jovem de 25 anos.
Pai de filha adolescente, Carlos Rosset diz já ter sofrido um acidente de carro, na década de 1980, pelo excesso de álcool.
Hoje, costuma buscar a filha nas baladas e afirma já ter visto diversas colegas dela bêbadas.
"Meu acidente se deu após ter bebido vodca. Ao subir a Avenida Angélica e cruzar o túnel da avenida Rebouças, perdi totalmente a consciência e capotei. Felizmente não sofri nada grave além de uns pontos na cabeça e um enorme susto para a família", diz Rosset.
Mãe resignada, Maria Cristina Santos monitora os passos do filho pelo telefone: "Uso o celular várias vezes: para saber se chegou ao local pretendido, para saber se está tudo bem, a que horas vai voltar, para reclamar do horário", afirma.
Mário Golombek conta como o filho de 18 anos sofreu com a perda de um colega num acidente de trânsito: "O sentimento de perda de um amigo é muito forte para qualquer um, ainda mais para os adolescentes. A falta do amigo enraizou nele que bebida e volante não se misturam", afirma Golombek.
Ruy de Toledo Soares Júnior diz ter vivido o outro lado: foi filho alcoólatra (está abstinente há 12 anos) e se envolveu em diversos acidentes, com "destruições totais e internações em clínicas especializadas". "Não sei como cheguei até aqui." (VQG)

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