São Paulo, domingo, 01 de junho de 2008

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Luxo faz do Alto do Tatuapé reduto das classes A e B

Luxo, na zona leste, são apartamentos acima de 250 m2 de área privativa, com no mínimo três vagas na garagem e três suítes

Saiba como moradores tornaram o bairro a região mais elegante da zona leste

ROBERTO DE OLIVEIRA
NATHALIA LAVIGNE

DA REVISTA DA FOLHA

Enquanto a secretária serve o café da manhã, a psicóloga Maria Edith Cavalheiri, 51, aprecia a bela vista de sua cobertura, voltada para um parque, de uma das três sacadas do apartamento de 550 m2. Ao seu lado, duas cachorrinhas esparramam-se no amplo sofá de fibra natural. Em seguida, ela pega seu Mitsubishi, em uma das cinco vagas na garagem, e segue para a academia.
Não, ela não mora no Jardins, Morumbi ou Itaim. Nem em outro bairro badalado das zonas sul ou oeste de São Paulo. Maria Edith é "totalmente zona leste". Escolheu viver no coração efervescente da região: o Alto Tatuapé. "Não sinto falta nem da Daslu", diz. "Hoje, é possível encontrar tudo de bom e do melhor aqui mesmo."
Maria Edith é uma autêntica moradora da "zl", cujo marido é um próspero industrial da região. Ela nasceu na Mooca. Viveu durante 26 anos numa casa na Vila Prudente e agora está curtindo o cheirinho de novo do apartamento e o privilégio de estar cercada por uma variedade cada vez maior de lojas e serviços voltados para as classes A e B.
Antes de se mudar para o Tatuapé, a psicóloga deu uma vasculhada em alguns imóveis no Morumbi. Achou que os prédios da zona sul ficam muito perto uns dos outros. Também bateu perna por Moema e pela Aclimação. Fez uma opção apaixonada pela "zl". "Ainda existe preconceito das pessoas que moram em áreas bacanas contra a zona leste. Pura ignorância. É gente que não conhece as benesses de viver aqui."
Maria Edith tem razão. Se há cerca de 20 anos, o Tatuapé sofria com a poluição provocada por chaminés enfileiradas desde a Mooca, hoje, o bairro se transformou em objeto de desejo de uma nova classe alta que vem emergindo ali mesmo e nos arredores da própria "zl".
Moradores que migraram da classe C para a B, já flertam com a A, como a professora Viviane Olímpio, 33. Com a mudança recente do padrão de vida, ela e o marido, o bancário Márcio Fiesa, 35, vão trocar a Penha pelo Tatuapé assim que o apartamento do condomínio que compraram ficar pronto. O casal pagou cerca de R$ 3 mil pelo metro quadrado por um apartamento de quatro quartos em um dos novos lançamentos.
O Alto Tatuapé, parte do bairro que se conecta ao Anália Franco, é o Alto de Pinheiros da zona leste, nas palavras de Luiz Paulo Pompéia, 55, diretor da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio), especializada em consultoria imobiliária. De janeiro de 2005 a abril deste ano, 82 empreendimentos foram lançados naquela região, cerca de 10% de luxo. Os números são recordes.
Luxo ou superior, na zona leste, são apartamentos acima de 250 m2 de área privativa, com no mínimo três vagas na garagem e três suítes, além de piscinas, quadras, salas de jogos, que ultrapassam R$ 1 milhão. No caso de uma cobertura, o preço varia de R$ 1,9 milhão a R$ 3,9 milhões, mas pode chegar a R$ 8 milhões.
Mesmo assim, há lugar para reviver as raízes, como na cobertura em que a dona-de-casa Yurie Azenha, 39, mora desde o final de 2006. Lá, há um espaço de lazer de 100 m2 que se transformou no endereço oficial dos churrascos com os velhos amigos do bairro.


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