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Luxo faz do Alto do Tatuapé reduto das classes A e B
Luxo, na zona leste, são apartamentos acima de 250 m2 de área privativa, com no mínimo três vagas na garagem e três suítes
Saiba como moradores tornaram o bairro a região mais elegante da zona leste
ROBERTO DE OLIVEIRA
NATHALIA LAVIGNE
DA REVISTA DA FOLHA
Enquanto a secretária serve
o café da manhã, a psicóloga
Maria Edith Cavalheiri, 51,
aprecia a bela vista de sua cobertura, voltada para um parque, de uma das três sacadas do
apartamento de 550 m2. Ao seu
lado, duas cachorrinhas esparramam-se no amplo sofá de fibra natural. Em seguida, ela pega seu Mitsubishi, em uma das
cinco vagas na garagem, e segue para a academia.
Não, ela não mora no Jardins, Morumbi ou Itaim. Nem
em outro bairro badalado das
zonas sul ou oeste de São Paulo. Maria Edith é "totalmente
zona leste". Escolheu viver no
coração efervescente da região:
o Alto Tatuapé. "Não sinto falta
nem da Daslu", diz. "Hoje, é
possível encontrar tudo de
bom e do melhor aqui mesmo."
Maria Edith é uma autêntica
moradora da "zl", cujo marido
é um próspero industrial da região. Ela nasceu na Mooca. Viveu durante 26 anos numa casa
na Vila Prudente e agora está
curtindo o cheirinho de novo
do apartamento e o privilégio
de estar cercada por uma variedade cada vez maior de lojas e
serviços voltados para as classes A e B.
Antes de se mudar para o Tatuapé, a psicóloga deu uma vasculhada em alguns imóveis no
Morumbi. Achou que os prédios da zona sul ficam muito
perto uns dos outros. Também
bateu perna por Moema e pela
Aclimação. Fez uma opção
apaixonada pela "zl". "Ainda
existe preconceito das pessoas
que moram em áreas bacanas
contra a zona leste. Pura ignorância. É gente que não conhece as benesses de viver aqui."
Maria Edith tem razão. Se há
cerca de 20 anos, o Tatuapé sofria com a poluição provocada
por chaminés enfileiradas desde a Mooca, hoje, o bairro se
transformou em objeto de desejo de uma nova classe alta
que vem emergindo ali mesmo
e nos arredores da própria "zl".
Moradores que migraram da
classe C para a B, já flertam
com a A, como a professora Viviane Olímpio, 33. Com a mudança recente do padrão de vida, ela e o marido, o bancário
Márcio Fiesa, 35, vão trocar a
Penha pelo Tatuapé assim que
o apartamento do condomínio
que compraram ficar pronto. O
casal pagou cerca de R$ 3 mil
pelo metro quadrado por um
apartamento de quatro quartos
em um dos novos lançamentos.
O Alto Tatuapé, parte do
bairro que se conecta ao Anália
Franco, é o Alto de Pinheiros
da zona leste, nas palavras de
Luiz Paulo Pompéia, 55, diretor da Embraesp (Empresa
Brasileira de Estudos de Patrimônio), especializada em consultoria imobiliária. De janeiro
de 2005 a abril deste ano, 82
empreendimentos foram lançados naquela região, cerca de
10% de luxo. Os números são
recordes.
Luxo ou superior, na zona
leste, são apartamentos acima
de 250 m2 de área privativa,
com no mínimo três vagas na
garagem e três suítes, além de
piscinas, quadras, salas de jogos, que ultrapassam R$ 1 milhão. No caso de uma cobertura, o preço varia de R$ 1,9 milhão a R$ 3,9 milhões, mas pode chegar a R$ 8 milhões.
Mesmo assim, há lugar para
reviver as raízes, como na cobertura em que a dona-de-casa
Yurie Azenha, 39, mora desde o
final de 2006. Lá, há um espaço
de lazer de 100 m2 que se transformou no endereço oficial dos
churrascos com os velhos amigos do bairro.
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