MURILO FIUZA DE MELO
ANTONIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

O secretário de Segurança do Rio, Anthony Garotinho, inaugurou ontem o primeiro batalhão blindado da história da Polícia Militar do Estado, com muros, paredes e vidros à prova de bala. O aparato de segurança se justifica: o batalhão fica no complexo da Maré (zona norte), uma das áreas mais conflagradas pela violência causada pelo tráfico.
Segundo o Censo de 2000 do IBGE, a Maré é o maior complexo de favelas do Rio, com 113.807 habitantes. No local, atuam quatro facções criminosas -Comando Vermelho, Terceiro Comando, Terceiro Comando Puro e Amigo dos Amigos.
O batalhão custou R$ 1,5 milhão e terá um efetivo de 800 policiais. O muro de 4 m de altura e as paredes do prédio foram reforçados com uma chapa de aço, capaz de absorver o impacto de tiros de fuzis AR-15 e 762.
Na entrada da Linha Vermelha, há uma guarita com vidros e paredes à prova de balas. Até o mês que vem, deverá ser instalada uma câmera a 16 m de altura para vigiar o entorno do quartel.
Segundo o comandante do batalhão, tenente-coronel Álvaro Rodrigues Garcia, os policiais contarão com um microônibus para transportá-los até a avenida Brasil nos horários de entrada e saída dos plantões.
Muitos policiais estão com medo de trabalhar no local. O presidente da Associação de Cabos e Soldados da PM, Vanderlei Ribeiro, disse que recebeu telefonemas de PMs lotados no interior pedindo que não sejam transferidos para a unidade.
O comandante-geral da PM, coronel Renato Hottz, afirmou que, por enquanto, o efetivo do batalhão será formado por policiais do 22ª BPM (Benfica), que será desativado, e de outras unidades da capital. Até o fim do ano, porém, a idéia é deslocar mais 200 homens -a maioria do interior e concursados.
A estratégia adotada pela secretaria para conquistar o apoio da população foi vincular programas sociais ao batalhão: "Temos certeza de que o trabalho social que o governo do Estado vai implantar aqui ajudará muito o trabalho da polícia. A PM é apenas uma parte desse projeto para dar paz para toda a população da Maré", disse Garotinho.


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