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CASO GRADI
Processo, por tortura, é o primeiro contra integrantes da extinta unidade do serviço de inteligência; acusados negam
Justiça acata denúncia contra 13 PMs
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça de São Paulo aceitou a
denúncia do Ministério Público
contra 13 policiais militares do extinto Gradi (Grupo de Repressão
e Análise dos Delitos de Intolerância) acusados de tortura.
A decisão da juíza Deborah
Siocci, da 20ª Vara Criminal do
Fórum da Barra Funda, saiu no
último dia 27 e dá início ao primeiro processo contra homens
dessa unidade do serviço de inteligência da Polícia Militar, que recrutou presos ilegalmente para
operações contra o crime organizado entre julho de 2001 e abril do
ano passado.
O ex-coordenador do Gradi, o
tenente-coronel Roberto Mantovan, o tenente Henguel Ricardo
Pereira e outros 11 PMs estão entre os denunciados no último dia
16. Com exceção de Mantovan,
que se aposentou, os outros continuam trabalhando na corporação. Todos negaram as acusações
de tortura em depoimento.
O crime que deu origem ao processo teria ocorrido em março do
ano passado.
Dois condenados recrutados
pelo Gradi, após receberem carro
e telefone, fugiram no meio de
uma operação de infiltração na
zona sul da capital paulista. No
dia seguinte, teriam sido detidos
pela PM e agredidos.
O preso Rubens Leôncio Pereira
quebrou o fêmur, entre outros ferimentos. Ronny Clay Chaves, o
outro recrutado, teria apanhado
quando da prisão e depois dela,
na sede do Gradi, no 1º Batalhão
de Choque da PM, de acordo com
a denúncia do Ministério Público.
Outro condenado que trabalhava para o Gradi, Marcos Massari,
também foi incluído na denúncia
porque teria participado da sessão de tortura contra os presos.
Se condenados, os policiais que
participaram diretamente da
agressão podem pegar até dez
anos de prisão. No caso do tenente-coronel, acusado por suposta
omissão, a pena pode chegar a
quatro anos. Massari, por não ser
policial, receberia no máximo oito anos de condenação.
Enquanto ativo, o Gradi foi o
principal braço de repressão ao
crime organizado no Estado. Hoje, as ações dessa unidade, que
chama a atenção pelo número de
mortes -27 em cinco operações
mais famosas-, estão sendo reavaliadas pelo Ministério Público.
O caso foi revelado pela Folha em
julho do ano passado.
Por causa dessa unidade, dois
juízes e o secretário da Segurança
Pública do Estado, Saulo de Castro Abreu Filho, são investigados
pelo Tribunal de Justiça, a pedido
do procurador-geral de Justiça,
Luiz Antonio Guimarães Marrey.
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