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São Paulo, terça-feira, 01 de julho de 2003

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CASO GRADI

Processo, por tortura, é o primeiro contra integrantes da extinta unidade do serviço de inteligência; acusados negam

Justiça acata denúncia contra 13 PMs

DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça de São Paulo aceitou a denúncia do Ministério Público contra 13 policiais militares do extinto Gradi (Grupo de Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância) acusados de tortura.
A decisão da juíza Deborah Siocci, da 20ª Vara Criminal do Fórum da Barra Funda, saiu no último dia 27 e dá início ao primeiro processo contra homens dessa unidade do serviço de inteligência da Polícia Militar, que recrutou presos ilegalmente para operações contra o crime organizado entre julho de 2001 e abril do ano passado.
O ex-coordenador do Gradi, o tenente-coronel Roberto Mantovan, o tenente Henguel Ricardo Pereira e outros 11 PMs estão entre os denunciados no último dia 16. Com exceção de Mantovan, que se aposentou, os outros continuam trabalhando na corporação. Todos negaram as acusações de tortura em depoimento.
O crime que deu origem ao processo teria ocorrido em março do ano passado.
Dois condenados recrutados pelo Gradi, após receberem carro e telefone, fugiram no meio de uma operação de infiltração na zona sul da capital paulista. No dia seguinte, teriam sido detidos pela PM e agredidos.
O preso Rubens Leôncio Pereira quebrou o fêmur, entre outros ferimentos. Ronny Clay Chaves, o outro recrutado, teria apanhado quando da prisão e depois dela, na sede do Gradi, no 1º Batalhão de Choque da PM, de acordo com a denúncia do Ministério Público.
Outro condenado que trabalhava para o Gradi, Marcos Massari, também foi incluído na denúncia porque teria participado da sessão de tortura contra os presos.
Se condenados, os policiais que participaram diretamente da agressão podem pegar até dez anos de prisão. No caso do tenente-coronel, acusado por suposta omissão, a pena pode chegar a quatro anos. Massari, por não ser policial, receberia no máximo oito anos de condenação.
Enquanto ativo, o Gradi foi o principal braço de repressão ao crime organizado no Estado. Hoje, as ações dessa unidade, que chama a atenção pelo número de mortes -27 em cinco operações mais famosas-, estão sendo reavaliadas pelo Ministério Público. O caso foi revelado pela Folha em julho do ano passado.
Por causa dessa unidade, dois juízes e o secretário da Segurança Pública do Estado, Saulo de Castro Abreu Filho, são investigados pelo Tribunal de Justiça, a pedido do procurador-geral de Justiça, Luiz Antonio Guimarães Marrey.


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