São Paulo, quinta-feira, 01 de julho de 2004

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PESQUISA

Número, do Datafolha, diz respeito aos paulistanos que aderiram ao novo sistema e que já usavam ônibus e lotações

36% fazem mais viagens após bilhete único

DA REPORTAGEM LOCAL

A implementação do bilhete único fez com que paulistanos passassem a utilizar o sistema com mais freqüência, segundo pesquisa Datafolha com 1.083 entrevistados, realizada nos dias 24 e 25 de junho.
Dos que já usaram o bilhete único e que já utilizavam ônibus e lotações antes dele (cerca de 1/4 dos entrevistados), 36% disseram que fazem mais viagens desde a implantação do novo sistema.
O bilhete único, cartão que permite ao usuário utilizar quantas conduções quiser por duas horas pagando apenas uma passagem, começou a funcionar no final de maio. Um mês depois, 57% dos 3 milhões de passageiros diários já tinham o bilhete.
O secretário municipal dos Transportes, Gerson Bittencourt, disse ontem à Folha que, desde a implementação do bilhete único, o número de viagens subiu 9,5% em média, o que representa algo como 500 mil deslocamentos a mais por dia.
Uma viagem é contabilizada toda vez que alguém entra num ônibus. Assim, se a pessoa vai de um destino a outro e toma dois ônibus para ir e dois para voltar, são computadas quatro viagens.
O aumento do número de viagens é um dos pontos levantados por especialistas, como Luiz Celio Bottura, para argumentar que a implementação do bilhete único poderá levar a um futuro aumento do subsídio ao transporte.
A prefeitura gasta R$ 22,4 milhões por mês em subsídio, para bancar a gratuidade de idosos e o desconto para estudantes. Estão reservados R$ 280 milhões para esse item no Orçamento de 2004.
O raciocínio é o seguinte: as empresas são remuneradas pelo número de viagens, que vai subir -mas a receita não, já que, com o bilhete único, os passageiros pagam apenas uma passagem, de R$ 1,70, por duas horas.
Bittencourt afirma que haverá uma transição nos próximos três ou quatro meses para redefinir a remuneração das viações por passageiro, levando em conta o custo de operação -que não subiu.
Para refutar a tese do aumento do subsídio, o secretário argumenta que o custo da operação do sistema continua o mesmo, uma vez que não foram colocados mais ônibus em circulação. De acordo com Bittencourt, "essa movimentação [crescimento do número de viagens] ocupou um espaço ocioso".
O diagnóstico do secretário vai ao encontro da avaliação de Nazareno Affonso, diretor-executivo da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos). Para o especialista, ainda é difícil prever se haverá aumento do subsídio, "mas isso só vai acontecer se tiverem de colocar mais ônibus".
Além disso, segundo Bittencourt, houve um aumento de receita de 1,8% desde a entrada em vigor do bilhete único, em razão da diminuição de fraudes e do crescimento do número de passageiros, que migraram dos clandestinos e de outros meios.


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