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AFIZ SADI (1924-2010)
Um urologista autor de livros de poesia
ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO
São mais de dez as obras
de Afiz Sadi. Por ser médico,
formado pela federal de Minas, escreveu livros que falam sobre urologia, mas não
todos: parte deles enveredou
pelo caminho da poesia.
Afiz foi um apaixonado pela literatura e chegou a ser
membro da Academia Cristã
de Letras, conta o filho Marcus, também médico. Amigo
dos livros, vivia lendo e escrevendo. Nos últimos tempos,
revisitava obras de Euclides
da Cunha e de Guimarães Rosa, autores que admirava.
Já na área médica, foi responsável por centenas de trabalhos científicos e capítulos
em livros especializados.
De família libanesa, Afiz
nasceu em Jardinópolis (329
km de SP). Filho de um mascate, mudou-se para Minas
para fazer faculdade.
Foi lá que conheceu Juscelino Kubitschek, que, além
de político, era urologista e
lhe serviu de inspiração para
que seguisse a carreira.
Depois de formado, prestou concurso e se transferiu
para a Escola Paulista de Medicina, onde se tornou professor titular de urologia.
De lá, só saiu aos 70, quando se aposentou compulsoriamente. Da faculdade sentia saudade, aplacada pelos
contatos que mantinha com
os colegas de sua geração.
Após a aposentadoria, Afiz
Sadi continuou trabalhando
no próprio consultório.
O casamento veio em meados da década de 50. Após
realizar uma cirurgia, ele
acabou conhecendo Leila, a
filha do paciente. A união resultou em três filhos.
Como hobby, o médico
costumava estudar tapetes
persas. Era um profundo conhecedor das texturas e desenhos das peças. Reparava
até no número e na qualidade dos fios. Colecionou alguns, mas muitos foram vendidos porque não tinha como
guardá-los no apartamento
para onde havia se mudado.
Também se aventurava
pela cozinha. Sua paella e
seu doce mineiro de queijo
faziam sucesso na família.
Colaborava desde 1983 na
seção Tendências/Debates
da Folha.
Morreu ontem, aos 85
anos, em decorrência de
complicações pulmonares
surgidas após uma cirurgia.
Deixa viúva, três filhos e cinco netos. O enterro foi ontem,
no cemitério Getsêmani (SP).
coluna.obituario@uol.com.br
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