São Paulo, quarta, 1 de julho de 1998

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EDUCAÇÃO
Entidades desenvolvem quase 1.200 programas de qualificação e trabalham com 220 mil adolescentes
Projeto inédito cadastra mil ONGs no país

ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local

O Brasil tem mais de mil entidades não-governamentais que desenvolvem quase 1.200 programas de educação e de trabalho para jovens, a maioria com problemas econômicos e sociais.
Os programas gerais dessas entidades oferecem 4.928 cursos, que são frequentados por mais de 220 mil adolescentes.
Esses dados fazem parte do "Cadastro das Iniciativas Não Formais de Educação Profissional de Adolescentes", realizado pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), pelo Ministério do Trabalho, pelas fundações Odebrecht e Maurício Sirotsky Sobrinho e pelos institutos Ayrton Senna, Credicard/Abrasso e Vitae.
Os números relativos à região Sudeste serão divulgados hoje no Instituto Cultural Itaú, em São Paulo.
O cadastro realizado com as entidades é o primeiro trabalho de mapeamento e classificação das iniciativas não oficiais de educação profissional de adolescentes Brasil.
Segundo a gerente de projeto da Vitae, uma das organizadoras do cadastro, Rebecca Raposo, nesse primeiro momento, o documento foi realizado a partir de três perguntas básicas: "Quem são, onde estão e o que fazem as ONGs citadas."

Perfil
"Na segunda etapa do projeto, vamos questionar como essas entidades promovem a educação profissional. Vamos ter o perfil das ONGs, sabendo quais são seus conceitos pedagógicos", disse Rebecca.
Segundo ela, os dados do cadastro estarão sendo atualizados constantemente na Internet.
O projeto classifica como iniciativas não formais qualquer programa de iniciação profissional realizado por entidades da sociedade civil, da iniciativa privada ou do poder público. Outra condição para entrar na classificação é que o projeto não esteja regulamentado no sistema regular de ensino.
Fazem parte desse universo jovens que complementam sua educação ou que iniciam sua preparação para o trabalho com o apoio de associações comunitárias, de entidades religiosas, de empresas, de fundações, de ONGs (organizações não-governamentais), de sindicatos ou de governos estaduais e municipais.
O estudo, realizado em 1996 e concluído no ano passado, mapeou 1.119 iniciativas não formais de educação e trabalho. O maior número dessas iniciativas se concentra na região Sul (385).
A região Sudeste tem 281 entidades que prestam esse tipo de serviço; a região Norte, 136, a Nordeste, 176, e a Centro-Oeste, 141.

Qualificação
Ao todo, 228.638 jovens que frequentam esses cursos têm a oportunidade de ingressar no mercado de trabalho com uma qualificação profissional.
O trabalho lembra que a iniciação do profissional torna-se importante no momento em que se verifica o aumento da população jovem do país.
Segundo dados da Fundação Seade, a população brasileira entre 15 e 19 anos atingiu 15,8 milhões de pessoas em 1995. Isso equivale a 10,4% da população total do país.
"Sua participação (a dos jovens) relativa no conjunto da população tende a crescer ao longo da década (1995-2000), configurando o que tem sido chamado de "onda adolescente', ou seja, as gerações de adolescentes desse período serão maiores do que aquelas das décadas anteriores", diz o relatório nacional do cadastro.



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