MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local

O delegado Sérgio Abdalla, titular do 11º DP (Santo Amaro), disse ontem à tarde que acredita que o furto das pílulas de teste do Microvlar que deveriam ter sido incineradas ocorreu dentro da empresa.
"Acredito mais agora na hipótese de furto e que o fato tenha ocorrido dentro da empresa durante o encaminhamento do produto para a incineração. Conheci hoje o processo de produção e não acredito que as pílulas de placebo (material inerte) poderiam ser misturadas com as verdadeiras", disse.
Entretanto, o delegado que ouviria ontem o 20º funcionário da empresa no inquérito não descarta as hipóteses de furto ou desvio do material no percurso entre a Schering e o incinerador da Ciba, em Taboão da Serra, e a de negligência no manuseio do produto.
"Se não houve o furto, houve negligência ou displicência da fábrica, que permitiu que o produto de teste fosse parar no mercado."
Ele acha difícil que o furto tenha ocorrido no transporte, pois as quantidades levadas são pequenas e não permitiriam grande lucro, já que a cartela de Microvlar custa R$ 2,90 para o consumidor final.
Sem acompanhamento
O delegado afirmou que nenhum funcionário da Schering acompanhou o transporte semanal feito pela Vega Sopave dos barris com o Microvlar e outros restos sólidos para incineração na Ciba, em Taboão.
A informação está nos depoimentos da engenheira química Monika Gaspar, do setor de segurança e saúde no trabalho, e no do chefe de segurança da empresa.
A Vega confirmou a informação, o que desmente, em parte, as afirmações da Schering que sustenta que todo o processo dos testes, feitos entre 12 de janeiro e 21 de abril deste ano, foi acompanhado por técnicos alemães até a incineração.
A Vega negou que tenha sofrido furto, roubo ou extravio de lixo da Schering, com quem tem contrato, no transporte até a Ciba.
Segundo relatório da Schering que consta do inquérito, parte do material sólido é picotado e inutilizado antes de ser colocado nos barris para incineração.
A Schering alegou ontem que só as cartelas e embalagens sem pílulas foram picotadas. As com pílulas não teriam sido destruídas previamente para evitar contato de operários com o produto.



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