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Falsificar remédio será crime hediondo
VANESSA HAIGH
da Sucursal de Brasília
O Senado aprovou ontem projeto de lei que torna crime hediondo
a falsificação de remédios. Também serão tratados como crime
hediondo a falsificação de cosméticos e alimentos, incluindo bebidas, com ou sem teor alcoólico.
O projeto foi votado em caráter
urgentíssimo e vai à sanção presidencial. O ministro da Saúde, José
Serra, foi ontem ao Senado pedir
urgência na votação. O assunto
ganhou destaque com o caso das
pílulas anticoncepcionais Microvlar. Um lote das pílulas continha
farinha no lugar de hormônios.
Como o projeto de lei não é retroativo, ele não poderá ser aplicado ao caso da Schering. Mas a prisão dos responsáveis não é descartada por Serra. "Não vou me
adiantar. Estamos investigando e
daqui a pouco vai parecer que estamos perseguindo uma empresa.
Mas em princípio, se for descoberto crime, os responsáveis estão sujeitos a isso (prisão)."
Atualmente, a legislação já prevê
prisão no caso de falsificação de
remédios e alimentos. Mas o projeto aprovado ontem amplia as penas e insere os crimes na categoria
de hediondos. Crimes hediondos
são inafiançáveis e os condenados
não têm direito à progressão da
pena, ou seja, ela tem de ser cumprida em regime fechado.
A falsificação de remédios, cosméticos e matérias-primas terá
pena de reclusão de 10 a 15 anos e
multa. Na modalidade culposa, a
pena é de detenção de um a três
anos e multa. A pena para quem
fabricar, vender, importar, manter em depósito, distribuir ou entregar substância alimentícia falsificada será de reclusão de quatro a
oito anos e multa. Na modalidade
culposa, a pena é detenção de um
a dois anos e multa.
Todo o processo de votação do
projeto no Senado foi acelerado,
porque a Casa entra em recesso no
final desta semana. De manhã, ele
foi votado na CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça) com o parecer dado pelo relator, Lucio Alcântara (PSDB-CE). Durante a
sessão do plenário, foi votado um
requerimento pedindo urgência
para a votação. Pelo regimento, só
na próxima sessão é que o projeto
poderia ser votado. Foi a vez do
presidente do Senado, Antonio
Carlos Magalhães intervir e pedir
autorização para fazer a votação.
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