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TRÁFICO
Mafiosos considerados "emergentes" controlariam entrada e distribuição da droga que vem da Colômbia
Heroína passa pelo Brasil rumo à Europa
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio
O Brasil é rota de passagem de
parte da heroína consumida em
países europeus. A viagem da heroína começa na Colômbia, tradicional fabricante de cocaína, outra
droga que passa por solo brasileiro
antes de chegar à Europa.
O alerta de que no Brasil funciona o mais recente corredor do tráfico internacional de heroína é da
Fundação Giovanni Falcone, que
tem sede na Itália e se dedica a estudar assuntos relacionados às
máfias.
O governo brasileiro já recebeu
da Interpol (polícia internacional)
e do governo dos Estados Unidos
informes sobre a passagem de heroína pelo território do país. Desde
1995 que a PF (Polícia Federal) não
faz apreensões de heroína.
Maior produtor
A Colômbia já é o quarto maior
país produtor de papoula (planta
da qual se obtém o ópio, matéria-prima da heroína) em todo o
mundo.
A liderança mundial no plantio
de papoula é dos países asiáticos
que integram o chamado "triângulo de ouro" do tráfico de heroína: Myanma (ex-Birmânia), Tailândia e Laos.
De acordo com a Interpol, nos
últimos anos foram plantados na
Colômbia cerca de 50 mil acres de
papoula. A colheita da planta na
Colômbia ocorre uma vez por ano.
Presidente do Instituto Brasileiro Giovanni Falcone -entidade
associada à fundação italiana-, o
juiz Walter Fanganiello Maierovitch disse à Folha que a heroína
passa pelo Brasil no mesmo carregamento da cocaína.
A entrada no país de carregamentos conjuntos de cocaína e heroína recebe, no linguajar policial,
o nome de "operação casada".
Os integrantes das quadrilhas
que cuidam do transporte e da segurança da droga em território
brasileiro são chamados de "mafiosos emergentes" pela Fundação
Giovanni Falcone e entidades internacionais associadas.
Mafiosos emergentes
De acordo com Maierovicth, os
"mafiosos emergentes" foram
treinados por emissários das máfias italianas.
"O Brasil, hoje, é berço das máfias emergentes, que cuidam das
rotas, do transporte das drogas, da
venda de produtos para o refino
(éter e acetona) e até da comercialização da droga em mercados locais", disse o juiz, que trabalha em
São Paulo.
O setor de informações reservadas da polícia italiana aponta o
mafioso siciliano Alfonso Caruana
como o homem enviado pela máfia para treinar os "emergentes"
brasileiros.
"Caruana pode ser considerado
o principal articulador do narcotráfico na América Latina. Pelo
que sabemos, ele vive no Brasil,
frequentando muito o Rio de Janeiro", disse Maierovitch.
Apreensões
As apreensões de heroína no
Brasil têm sido raras. Os registros
da PF indicam que, nesta década,
só houve apreensões da droga em
1990, 94 e 95.
Em 90, segundo a PF, foram
apreendidos 2,30 gramas de heroína. A apreensão ocorrida em 94 foi
bem maior: 12,78 kg.
A PF não apreende a droga há
dois anos. O último registro é de
95, quando foram apreendidos
5,60 gramas de heroína.
A Folha tentou ouvir a Polícia
Federal sobre o caso.
A assessoria do órgão informou
que o chefe do Serviço de Repressão a Entorpecentes da PF, Getúlio
Bezerra Santos, não falaria sobre o
assunto.
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