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PERIGO EM CASA
Em 98 foram registrados 20.051 casos de envenenamento por medicamentos -8.484 por acidente
Remédio causa 30% das intoxicações
do Conselho Editorial
Os remédios são os grandes responsáveis pelas intoxicações no
Brasil: 30 de cada 100 casos são
atribuídos a medicamentos.
De acordo com os dados da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz),
foram registrados no ano passado
20.051 casos de intoxicação por
medicamentos; 8.484 acidentais,
quase o mesmo número das tentativas de suicídio (8.380).
Na cidade de São Paulo, a porcentagem é ainda mais expressiva: 45 em cada 100. Dos 6.072 casos, 2.590 são atribuídos a esse tipo de intoxicação.
"É uma insanidade", afirma
Sérgio Graff, chefe do Centro de
Controle de Intoxicações do Hospital do Jabaquara.
Insanidade porque, segundo
ele, o Congresso deveria acelerar a
aprovação de projeto que obriga
os medicamentos a ter embalagem de segurança.
Para o chefe do laboratório de
análises toxicológicas da Universidade de São Paulo, Ovandir Alves, "o país é vítima da irresponsabilidade".
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica,
José Eduardo Bandeira de Mello,
afirma que já existem várias empresas brasileiras que produzem
embalagens de segurança. Mas
reconhece que ainda "há muito
por avançar".
"Há uma questão de custos",
analisa, ao explicar a rejeição por
parte de empresários.
Segundo ele, a embalagem de
segurança, por exigir um custo
mais alto, seria até mesmo um antídoto contra falsificações.
Os xaropes, por exemplo, podem provocar taquicardia, alucinações e convulsões.
Antidepressivos trazem o risco
de paradas respiratórias ou cardíacas.
"Os medicamentos podem provocar de lesões pulmonares a problemas no fígado ou cérebro, passando por perfurações no intestino", afirma Anthony Wong.
Segundo Maria Élide, da Fiocruz, nos EUA, depois da aplicação das embalagens de segurança,
generalizadas na década de 70, os
casos de intoxicação acidental
despencaram 80%.
Segundo ela, são necessárias
campanhas educativas para sensibilizar os pais a manter os remédios em local seguro, fora do alcance das criança.
(GILBERTO DIMENSTEIN)
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