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CAOS URBANO
CET atribui problemas à falta de rodízio, aos protestos e à crise, que manteve o paulistano na capital
Férias terminam com trânsito recorde
da Reportagem Local
As férias de julho, que deveriam
trazer uma folga para o trânsito
de São Paulo, terminam hoje com
os piores índices de congestionamento dos últimos seis anos.
Sem rodízio de veículos, a lentidão média à tarde também atingiu em julho o maior índice registrado neste ano. Foram 152 quilômetros, segundo parcial fechada
com dados de 25 dias do mês.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) atribui o caos
das férias a três fatores:
0Ausência do rodízio estadual, que não foi feito em julho
pela primeira vez desde 95, quando o governo implantou pela primeira vez a restrição ambiental
em caráter experimental.
0Protestos de motoristas de
ônibus e de metalúrgicos da Ford,
que tomaram as ruas da cidade.
0Crise econômica, que manteve as pessoas em SP. Balanço
feito pelo Sindicato Nacional das
Empresas Aeroviárias revela que
1,3 milhão de pessoas viajaram
em vôos domésticos em julho,
uma queda de 22,7% em relação
às férias do ano passado. Nos internacionais, a lotação caiu 34%.
Pelos balanços das estradas estaduais também é possível supor
que os paulistanos deixaram de
viajar. A AutoBAn, concessionária que administra a rodovia
Anhanguera e a Bandeirantes, informou que 2,8 milhões de veículos passaram pelas duas estradas
em julho, um índice 17% abaixo
do esperado pela empresa.
"Nessas férias, as únicas saídas
que fiz com a minha família foram visitas a casas de parentes",
confirma José Augusto Freire, dono de uma empresa de informática em SP, que costumava viajar
todos os anos com os três filhos.
Freire afirma que as férias da família foram canceladas neste ano
por causa da crise econômica, já
que o faturamento da sua empresa caiu 40% em relação aos anos
anteriores.
"Meus filhos ficam me perguntando por que não viajamos. A
única coisa que eu posso dizer é
que estamos duros. A solução foi
intensificar a vida familiar."
Sem previsão
Os índices de congestionamento registrados no mês de julho
derrubaram todas as previsões
feitas pela CET antes das férias.
Na época, a empresa divulgou
que os quilômetros de lentidão
nas férias seriam reduzidos em
40% de manhã e 10%, à tarde.
O raciocínio parecia lógico: o
rodízio municipal consegue tirar
600 mil veículos por dia das ruas
da cidade. Com o início das férias,
a CET apostou que 500 mil veículos sairiam de circulação. E, mesmo com um acréscimo de 100 mil
carros, SP teria índices abaixo dos
registrados normalmente.
"O mês de julho foi totalmente
atípico. Ninguém imaginava essa
onda de protestos. Mas isso acabou servindo para provar que o
rodízio, que no começo foi criticado por todos, é a melhor alternativa para combater o congestionamento", diz o presidente da CET,
Nelson Maluf El Hage.
Segundo ele, o caos das férias só
foi amenizado na última semana
do mês por causa da greve dos caminhoneiros. Sem a circulação de
caminhões pelas marginais, os índices de lentidão na cidade despencaram de 150 quilômetros para apenas 80 quilômetros. Uma
redução de quase 50%.
Os caminhões respondem por
apenas 13% do volume total de
veículos que circulam pelas marginais diariamente (1,1 milhão).
Segundo a CET, porém, eles são
os principais responsáveis pela
lentidão dessas vias.
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