São Paulo, Domingo, 01 de Agosto de 1999
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CAOS URBANO
CET atribui problemas à falta de rodízio, aos protestos e à crise, que manteve o paulistano na capital
Férias terminam com trânsito recorde

da Reportagem Local

As férias de julho, que deveriam trazer uma folga para o trânsito de São Paulo, terminam hoje com os piores índices de congestionamento dos últimos seis anos.
Sem rodízio de veículos, a lentidão média à tarde também atingiu em julho o maior índice registrado neste ano. Foram 152 quilômetros, segundo parcial fechada com dados de 25 dias do mês.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) atribui o caos das férias a três fatores:
0Ausência do rodízio estadual, que não foi feito em julho pela primeira vez desde 95, quando o governo implantou pela primeira vez a restrição ambiental em caráter experimental.
0Protestos de motoristas de ônibus e de metalúrgicos da Ford, que tomaram as ruas da cidade.
0Crise econômica, que manteve as pessoas em SP. Balanço feito pelo Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias revela que 1,3 milhão de pessoas viajaram em vôos domésticos em julho, uma queda de 22,7% em relação às férias do ano passado. Nos internacionais, a lotação caiu 34%.
Pelos balanços das estradas estaduais também é possível supor que os paulistanos deixaram de viajar. A AutoBAn, concessionária que administra a rodovia Anhanguera e a Bandeirantes, informou que 2,8 milhões de veículos passaram pelas duas estradas em julho, um índice 17% abaixo do esperado pela empresa.
"Nessas férias, as únicas saídas que fiz com a minha família foram visitas a casas de parentes", confirma José Augusto Freire, dono de uma empresa de informática em SP, que costumava viajar todos os anos com os três filhos.
Freire afirma que as férias da família foram canceladas neste ano por causa da crise econômica, já que o faturamento da sua empresa caiu 40% em relação aos anos anteriores.
"Meus filhos ficam me perguntando por que não viajamos. A única coisa que eu posso dizer é que estamos duros. A solução foi intensificar a vida familiar."

Sem previsão
Os índices de congestionamento registrados no mês de julho derrubaram todas as previsões feitas pela CET antes das férias.
Na época, a empresa divulgou que os quilômetros de lentidão nas férias seriam reduzidos em 40% de manhã e 10%, à tarde.
O raciocínio parecia lógico: o rodízio municipal consegue tirar 600 mil veículos por dia das ruas da cidade. Com o início das férias, a CET apostou que 500 mil veículos sairiam de circulação. E, mesmo com um acréscimo de 100 mil carros, SP teria índices abaixo dos registrados normalmente.
"O mês de julho foi totalmente atípico. Ninguém imaginava essa onda de protestos. Mas isso acabou servindo para provar que o rodízio, que no começo foi criticado por todos, é a melhor alternativa para combater o congestionamento", diz o presidente da CET, Nelson Maluf El Hage.
Segundo ele, o caos das férias só foi amenizado na última semana do mês por causa da greve dos caminhoneiros. Sem a circulação de caminhões pelas marginais, os índices de lentidão na cidade despencaram de 150 quilômetros para apenas 80 quilômetros. Uma redução de quase 50%.
Os caminhões respondem por apenas 13% do volume total de veículos que circulam pelas marginais diariamente (1,1 milhão).
Segundo a CET, porém, eles são os principais responsáveis pela lentidão dessas vias.


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