São Paulo, quarta-feira, 01 de setembro de 2004

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TRAGÉDIA EM GUARULHOS

Depoimentos sobre acidente em festa devem ocorrer hoje; entrada de menores também é investigada

Organizadores vão culpar dono de imóvel

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

Os três organizadores da festa Ladies First, na qual seis pessoas morreram após o desabamento da pista de dança, devem se apresentar hoje à polícia para dar esclarecimentos sobre o acidente, ocorrido em Guarulhos (Grande São Paulo) no último domingo.
A defesa responsabilizará o dono do prédio, Wilson Gonçalves, pelo acidente. "Meus clientes foram induzidos ao erro pelo proprietário, que disse que o prédio estava regularizado", afirmou o advogado Ademar Gomes, que representa Heric Fabiano Dias, Arlécio Alison Morais (conhecido como Mota) e Claudio Pereira, o Claudio Perereca.
Gonçalves não foi encontrado ontem para comentar o assunto e ainda não prestou depoimento. Segundo o delegado William Grande, do 1º DP de Guarulhos, o advogado de Gonçalves também entrou em contato com a polícia ontem e disse que seu cliente se apresentará nos próximos dias.
O prédio onde foi feita a festa não tinha alvarás da obra e de funcionamento nem laudo de vistoria dos bombeiros. O mezanino, de estrutura frágil, ruiu, deixando seis mortos e mais de 130 feridos.
Segundo o delegado, porém, os organizadores ainda podem ser responsabilizados pois deveriam ter exigido que os números dos alvarás constassem no contrato. "Além disso, eles deveriam ter solicitado autorização na prefeitura e no Juizado da Infância e da Juventude para realizar o evento."
A polícia instaurou inquérito por homicídio culposo (sem intenção) e lesão corporal culposa, mas os organizadores podem responder ainda por corrupção de menores, já que adolescentes estavam no local, onde havia bebida alcoólica gratuita e show erótico.
O advogado Gomes disse que a entrada de menores de idade era proibida e que, se algum adolescente estava lá, foi por negligência dos seguranças.
Mas dois seguranças ouvidos ontem pelo delegado, Silvio Colognesi e Denis Peppe, disseram que a idade mínima exigida era 16 anos e passou para 14 no meio da noite.
Quanto à afirmação, feita anteontem por um bombeiro civil contratado para a festa, de que os organizadores foram avisados sobre o risco de desabamento, o advogado disse desconhecer o assunto. Ao programa Cidade Alerta, da emissora Record, Mota e Dias disseram não ter recebido nenhum aviso sobre o risco de o mezanino ruir.


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