São Paulo, sexta-feira, 01 de setembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BARBARA GANCIA
Na segunda vez dói mais


Eleito em primeiro turno, Lula receberá carta-branca para continuar a fazer política "sujando as mãos"


É A GRANDE PERGUNTA que ninguém da oposição consegue responder sem titubear: como pode Lula estar prestes a vencer a eleição em primeiro turno, se o presidente passou os últimos dois anos se esquivando dos escândalos que envolvem seu governo? O período de bonança na economia mundial, a máquina do governo usada a favor da reeleição, o programa Bolsa-Família, a habilidade do ministro da Justiça na criação de um escudo legal para proteger o que o procurador-geral da República chamou de "quadrilha", o carisma do presidente, um PSDB que também tem os dedos sujos de lama e não aprendeu a ser oposição... A lista de motivos alegados pelos adversários é longa, e, de forma isolada, nenhum dos argumentos convence. A única verdade cristalina é que Lula detém 51% da preferência do eleitorado e que, legitimado em primeiro turno, ele receberá da população carta-branca para continuar a fazer política "sujando as mãos". É triste? Pois pode ficar ainda mais melancólico. Veja: no primeiro mandato, o PT foi pego com as mãos na massa tentando aparelhar o governo para se perpetuar no poder. Reeleito e sem dirceus, gushikens ou paloccis ao seu lado, tudo indica que Lula já estaria tratando de formar um governo de coalizão com o PSDB que elegeria Aécio em 2010. Se isso não é péssimo para a democracia brasileira, que dirá da novidade aventada ontem pelo colunista do jornal "Valor" Raymundo Costa? Diz o colega que o PT pensa em realizar uma consulta popular, prevista pela Constituição, a fim de promover a anistia de José Dirceu. Para tanto, são necessárias 1.259.134 assinaturas, a autorização do Congresso e a promulgação do presidente. Já pensou se a moda pega? A cada novo embate entre Congresso e governo, dá-lhe consulta popular!

Bem comum
00É bem-vinda a proposta da prefeitura paulistana que visa proibir os outdoors ilegais e as chamadas "mídias alternativas" na cidade. Além de emporcalhar o visual de São Paulo, cartazes de rua ilegais, propaganda em táxis, em postes, em corrimãos e até em banheiros públicos não pagam impostos e não geram renda para o município. E ainda roubam o espaço dos anúncios que tradicionalmente iam parar nos jornais, nas rádios e nas TVs. Se a gente deseja uma imprensa forte, que defenda os interesses da população, é bom pensar também nesse aspecto do projeto que será discutido em audiência na Câmara Municipal, na próxima terça.

Boa vizinhança
00A prefeitura e a Caixa entregaram na última sexta-feira à população o Parque do Povo, no Itaim Bibi. Mas ainda restam 94 famílias morando no local, um terreno pertencente à Caixa e tombado pelo Condephaat. Como forma de indenização, a prefeitura oferece R$ 5.000 a cada família. Pois eu digo que dá para melhorar a oferta. Que tal se os moradores do entorno (a rua Salvador Cardoso, próxima ao parque, é a que tem hoje os imóveis mais caros da cidade) se cotizassem para ver essa quantia aumentar de R$ 5.000 para R$ 10 mil?

barbara@uol.com.br
www.uol.com.br/barbaragancia/


Texto Anterior: Kassab improvisa escola em alojamento
Próximo Texto: Qualidade das praias: Parte da Baixada Santista apresenta boas condições
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.