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Empresa é acusada de fraudar multas
Segundo o Detran, ela usava documentos falsos, entre eles até atestado de óbito forjado, para anular autuações de trânsito
Recursos feitos pela MM Assessoria serão revistos e, se comprovada participação dos motoristas, eles responderão criminalmente
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O Detran-SP (Departamento
Estadual de Trânsito de São
Paulo) desmontou ontem um
esquema criado por uma empresa que falsificava documentos para ganhar recursos de
multas de trânsito.
Atestado de óbito, boletim de
ocorrência e carteira de habilitação foram alguns dos documentos falsos apresentados pela MM Assessoria de Recursos
e Prestação de Serviços para
anular as multas de motoristas.
O Detran acredita que a empresa fazia mil recursos por mês.
O dono da MM, Marco de
Oliveira Paulo, 37, foi indiciado
pelos crimes de falsificação de
documento público e falsidade
ideológica que, juntos, podem
render condenação mínima de
três e máxima de 11 anos de reclusão. Oliveira já prestou depoimento e vai responder ao
processo em liberdade.
O Detran não informou o nome do advogado do empresário.
Ele não foi localizado pela Folha para comentar o caso.
Segundo o delegado da Divisão de Crimes de Trânsito do
Detran, Francisco de Paula
Santos, Oliveira teria confessado em depoimento que criou a
empresa há três anos e começou a falsificar os documentos a
partir de outros verdadeiros.
Santos disse que todos os recursos feitos pela empresa serão revistos pelo Detran e os
motoristas beneficiados deverão ser convocados para prestar esclarecimentos. Se comprovada a participação na falsificação de documentos, deverão responder criminalmente.
Os recursos falsos poderão ser
cancelados e as multas anuladas terão de ser pagas.
A MM começou a ser investigada depois que funcionários
das Jaris (Juntas Administrativas de Recursos de Infração)
perceberam a grande quantidade de recursos apresentados
por ela. "Alguns, com documentos "aparentemente falsos"
foram encaminhados para a Divisão de Crimes do Detran, que
instaurou inquérito para apurar o caso", recorda o delegado.
Adiantamento
Na investigação, o Detran
descobriu que os motoristas
que contratavam a MM pagavam adiantado de R$ 15 a R$ 20
por multa. Com o recurso deferido, pagavam o adicional de
20% do valor da infração.
Para ganhar os recursos, a
MM usava vários expedientes.
O dono da empresa apresentava atestado médico falso para
alegar que o motorista cometera a infração por estar a caminho do hospital. Para reforçar o
argumento, juntava o atestado
de óbito.
Em outro recurso, o empresário montou um documento
com a foto do motorista infrator, mas com dados que o identificavam como bombeiro. Depois, dizia que a infração havia
sido cometida pelo bombeiro
no cumprimento do dever.
Segundo o delegado, todos os
documentos eram falsificados
pelo próprio empresário em
seu computador, que foi
apreendido pelo Detran na sede da empresa, na zona leste.
Os recursos eram feitos para
multas de todos os órgãos de
trânsito.
(REGIANE SOARES)
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