São Paulo, sábado, 01 de setembro de 2007

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Hospital universitário suspende cirurgias cardíacas em Fortaleza

Instituição diz não ter recursos para pagar dívida de R$ 12 milhões com fornecedores

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Sem recursos para pagar uma dívida de R$ 12,1 milhões com fornecedores, o Hospital Universitário Walter Cantídio, vinculado à UFC (Universidade Federal do Ceará), parou de realizar cirurgias cardíacas.
Com isso, a fila de espera pelo procedimento pode aumentar ainda mais em Fortaleza, já que o único que ainda está fazendo a cirurgia pelo SUS é o Hospital de Messejana.
Na quinta-feira, a fila chegou a 84 pacientes, mas caiu ontem para 78, segundo o diretor do hospital, Antero Gomes Neto, porque foram feitas cirurgias.
O aumento da demanda de pacientes em Messejana aconteceu por causa da recusa de cardiologistas e anestesistas de realizar cirurgias pagas pelo SUS em hospitais privados conveniados. Eles alegam que os valores são muito defasados em relação ao dos planos de saúde e do próprio Hospital de Messejana, onde o Estado complementa os repasses federais.
No começo da semana, os médicos aceitaram realizar cirurgias de emergência nos hospitais conveniados, mas só houve um caso, desde então. O resto foi para Messejana.
No hospital universitário eram feitas 15 cirurgias cardíacas por mês. Segundo o diretor do hospital, Silvio Rocha, só com fornecedores de produtos usados nessas cirurgias, a dívida é de R$ 3,6 milhões. "Tivemos de parar por dificuldades de abastecimento", disse.
A situação pode ainda piorar para outros procedimentos médicos, pois fornecedores de insumos laboratoriais também suspenderam as entregas. O hospital é referência em procedimentos de alta complexidade, como transplantes de fígado e rins e leucemia. "Se não aparecerem mais recursos nesta próxima semana, teremos de suspender as internações."
O hospital já tem um déficit mensal de R$ 350 mil, segundo ele, mas a situação se agravou ainda mais com o não pagamento, pelo SUS, de procedimentos já realizados, no valor de R$ 1,2 milhão, que o governo federal entende que não são da alçada do hospital.

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