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Cai a taxa de fecundidade em área rural
Tendência de queda acelerada no número de filhos chegou também ao meio rural e às médias e pequenas cidades, diz IBGE
São os primeiros resultados da contagem populacional; número médio de moradores por família caiu de 3,92 (2000) para 3,53 (2007)
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
A tendência de queda acelerada no número de filhos e no
tamanho das famílias chegou
com força ao meio rural e às
médias e pequenas cidades.
Essa foi a principal conclusão
feita pelo IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) ao divulgar os primeiros resultados da contagem
da população realizada neste
ano. Os dados mostram que o
número médio de moradores
por domicílio chegou a 3,53.
Em 2000, era de 3,92.
A contagem se assemelha a
um censo porque o objetivo é
visitar cada domicílio do país,
em vez de ter somente uma
amostra deles. A principal diferença é que ficam de fora os 129
municípios mais populosos de
Estados com mais habitantes.
Essas cidades são excluídas
por razões financeiras -ficaria
caro um censo em toda a população num intervalo inferior a
dez anos- e porque dependem
menos de recursos do Fundo de
Participação dos Municípios,
cujo repasse é calculado segundo o total de habitantes.
Apesar de preliminares -em
algumas cidades ainda está havendo uma revisão da contagem-, os dados já permitem
verificar que a população rural
está ficando cada vez mais parecida, em termos de estrutura
etária, com a urbana.
Para o presidente do IBGE,
Eduardo Pereira Nunes, os resultados mostram que o processo de envelhecimento da
população brasileira, com redução do número de nascimentos e aumento da expectativa
de vida, está se acelerando.
"Os resultados preliminares
da contagem indicam também
que a queda da fecundidade está ocorrendo até mesmo na
área rural, o que mostra que esse fenômeno, que ocorre de forma acelerada há pelo menos 20
anos nas áreas urbanas, alcançou o resto da população."
Ainda não foi divulgada a taxa de fecundidade de 2007, mas
as pesquisas mais recentes do
IBGE já haviam demonstrado
que ela havia atingido a média
de 2,1 filhos por mulher, que indica tendência de mera reposição populacional.
Para o coordenador de População e Indicadores Sociais do
instituto, Luiz Antônio Pinto
de Oliveira, além da diminuição
no número de nascimentos, outro fator que fez com que o número médio de pessoas vivendo nos domicílios caísse foi o
aumento da expectativa de vida. Como há cada vez mais idosos no país, muitos deles vivem
sozinhos ou na companhia apenas de um cônjuge.
"Esse processo de envelhecimento e queda da fecundidade
acontece de forma mais acelerada a partir da década de 70.
Num primeiro momento, ele é
restrito às áreas urbanas do Sul
e Sudeste e, nos anos 80, se espalha também para o Nordeste.
Os resultados da contagem já
permitem verificar que ele agora ocorre de forma mais acelerada também no meio rural."
Segundo o pesquisador, é a
queda no meio rural e nas populações com maior número de
filhos que explica por que as taxas brasileiras continuam caindo: "A queda que estamos verificando agora está acontecendo
principalmente entre as populações que ainda tinham padrão de fecundidade mais alto.
Sem essa queda, dificilmente
estaríamos agora com uma taxa
de 2 filhos por mulher".
Contestação
O IBGE divulgou ontem no
"Diário Oficial" da União a lista
com a população de cada uma
das cidades incluídas na contagem populacional. As prefeituras que não concordarem com
os resultados têm prazo até 20
de setembro para reclamar.
Até o fim do mês, o instituto
deverá divulgar também os dados populacionais dos 129 municípios que não foram incluídos na contagem. Será uma estimativa com base nas projeções do IBGE.
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