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BARBARA GANCIA
Horário eleitoral se confunde com "Programa do Ratinho"
Pesquisa divulgada ontem pelo Inaf (Indicador Nacional de Analfabetismo Funcional) afirma que 74% dos brasileiros com mais de 15 anos não conseguem compreender a simples
leitura de um texto.
Diante desse dado estarrecedor,
como podemos defender a idéia
de que as eleições, como nós as
realizamos, sirvam para aprimorar a democracia?
Ora, se a TV, o rádio e, desta
vez, até a internet estão proibidos
de tocar no assunto eleições e se a
maioria não consegue interpretar
notícias de jornal, de onde se espera que saia o tal amadurecimento que a sucessiva realização
de pleitos eleitorais deveria ser capaz de produzir?
O atual sufrágio entrará para a
história de nossa nanodemocracia (só para usar um termo da
moda) com a marca do retrocesso
estampada na testa.
Apesar de todas as evidências
sobre a falta de lisura de um sem
número de candidatos, alguns até
fugitivos da Justiça, essa espécie
de "Programa do Ratinho" em
que se transformou o horário eleitoral gratuito continua a acolher
todo tipo de bizarrice e a nivelar
os candidatos pela mesura mais
baixa possível.
Neste ano, vimos de tudo um
pouco e o mesmo de sempre. Teve
candidata da causa operária lançando ofensas contra a atual prefeita; teve a gritaria costumeira
do partido que perdeu a graça
com a descoberta de irregularidades em campanha anterior e teve
candidato querendo tomar o lugar vago de piada, ao clamar pelo
polimento de caras-de-pau com
lustra-móveis.
No meio desse circo, que é tolerado e confundido com "manifestação democrática de idéias", vimos outros espetáculos mais penosos. Como o do candidato que
trocou seu cacife político pelo
abrandamento em investigações
de desvio de dinheiro público. Ou
o da candidata de boa reputação
que se aliou ao que há de mais nefasto na política tapuia. Para
completar a festa, vimos o presidente da República desrespeitar a
lei e tratar o episódio como se fosse mero pecadilho.
Mas, por falar em amadurecimento, o nobre leitor saberia enumerar três motivos que justifiquem sua escolha para vereador?
![](http://www1.folha.uol.com.br/fsp/images/ep.gif)
Em reuniões sociais, o ex-presidente Fernando Henrique se recusa a falar sobre eleições. Em um
jantar na semana passada, ele fugiu do tema contando uma recente conversa ao telefone que teve
com Bill Clinton. Segundo FHC,
seu colega norte-americano estaria abatido em razão dos problemas de saúde e desesperançoso
com os rumos tomados pela campanha de John Kerry.
QUALQUER NOTA
El maridón?
As imediações do Parque São
Jorge, na zona leste, têm amanhecido com os muros pichados com a frase "Xô, argentino!". Engraçado, que eu saiba,
o Corinthians não tem nenhum
jogador argentino. De quem será que estão falando?
Denorex
Isay Weinfeld, o arquiteto sensação de São Paulo, acaba de faturar o primeiro prêmio da Decorex, que, a despeito do nome,
vem a ser uma importante exibição londrina de design contemporâneo. Ele venceu com
um aparador que atende pelo
nome brejeiro de "zezinho".
E-mail - barbara@uol.com.br
www.uol.com.br/barbaragancia
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