São Paulo, sexta-feira, 01 de outubro de 2004

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BARBARA GANCIA

Horário eleitoral se confunde com "Programa do Ratinho"

Pesquisa divulgada ontem pelo Inaf (Indicador Nacional de Analfabetismo Funcional) afirma que 74% dos brasileiros com mais de 15 anos não conseguem compreender a simples leitura de um texto.
Diante desse dado estarrecedor, como podemos defender a idéia de que as eleições, como nós as realizamos, sirvam para aprimorar a democracia?
Ora, se a TV, o rádio e, desta vez, até a internet estão proibidos de tocar no assunto eleições e se a maioria não consegue interpretar notícias de jornal, de onde se espera que saia o tal amadurecimento que a sucessiva realização de pleitos eleitorais deveria ser capaz de produzir?
O atual sufrágio entrará para a história de nossa nanodemocracia (só para usar um termo da moda) com a marca do retrocesso estampada na testa.
Apesar de todas as evidências sobre a falta de lisura de um sem número de candidatos, alguns até fugitivos da Justiça, essa espécie de "Programa do Ratinho" em que se transformou o horário eleitoral gratuito continua a acolher todo tipo de bizarrice e a nivelar os candidatos pela mesura mais baixa possível.
Neste ano, vimos de tudo um pouco e o mesmo de sempre. Teve candidata da causa operária lançando ofensas contra a atual prefeita; teve a gritaria costumeira do partido que perdeu a graça com a descoberta de irregularidades em campanha anterior e teve candidato querendo tomar o lugar vago de piada, ao clamar pelo polimento de caras-de-pau com lustra-móveis.
No meio desse circo, que é tolerado e confundido com "manifestação democrática de idéias", vimos outros espetáculos mais penosos. Como o do candidato que trocou seu cacife político pelo abrandamento em investigações de desvio de dinheiro público. Ou o da candidata de boa reputação que se aliou ao que há de mais nefasto na política tapuia. Para completar a festa, vimos o presidente da República desrespeitar a lei e tratar o episódio como se fosse mero pecadilho.
Mas, por falar em amadurecimento, o nobre leitor saberia enumerar três motivos que justifiquem sua escolha para vereador?
 
Em reuniões sociais, o ex-presidente Fernando Henrique se recusa a falar sobre eleições. Em um jantar na semana passada, ele fugiu do tema contando uma recente conversa ao telefone que teve com Bill Clinton. Segundo FHC, seu colega norte-americano estaria abatido em razão dos problemas de saúde e desesperançoso com os rumos tomados pela campanha de John Kerry.

QUALQUER NOTA

El maridón?
As imediações do Parque São Jorge, na zona leste, têm amanhecido com os muros pichados com a frase "Xô, argentino!". Engraçado, que eu saiba, o Corinthians não tem nenhum jogador argentino. De quem será que estão falando?

Denorex
Isay Weinfeld, o arquiteto sensação de São Paulo, acaba de faturar o primeiro prêmio da Decorex, que, a despeito do nome, vem a ser uma importante exibição londrina de design contemporâneo. Ele venceu com um aparador que atende pelo nome brejeiro de "zezinho".

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