São Paulo, sexta-feira, 01 de outubro de 2004

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TURISMO SEXUAL

Prostitutas reconheceram acusado em fotos

Deputado do DF estava em iate com menores de idade, dizem mulheres

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado distrital Benício Tavares Melo (PMDB), presidente da Assembléia Legislativa do Distrito Federal, foi reconhecido por sete mulheres no inquérito que apura nova rota de prostituição, com a participação de menores, entre Manaus e Barcelos (AM). Ontem, três delas depuseram.
Melo foi identificado em fotografias e, segundo as mulheres, pagou por programas sexuais no iate Amazônia. "Benício era um dos organizadores do passeio e fez programa com várias garotas", disse uma jovem de 21 anos.
A polícia chegou ao nome do deputado durante a investigação do naufrágio da embarcação Princesa Laura, em 19 de setembro. No acidente, cinco mulheres morreram. Elas voltavam de uma viagem em um iate de luxo, onde foram pagas para participar de um programa com 15 empresários e políticos de São Paulo e de Brasília, segundo a polícia. No dia 17, elas embarcaram com mais 12 mulheres, na maioria menores.
A delegada Graça Silva vai requisitar novo depoimento da autônoma Dilcilane de Albuquerque Amorim -indiciada por favorecimento à prostituição-, que negou ter recebido cheque de R$ 940 de um empresário paulista por conseguir 17 garotas. A delegada disse que as garotas dão versões semelhantes apontando Dilcilane como aliciadora. A advogada Maria Goreth Terças de Oliveira disse que a autônoma saiu de Manaus por temer represálias.

Outro lado
A Assembléia Legislativa do Distrito Federal recebeu ontem o pedido de licenciamento do deputado Tavares, que ficará afastado por 15 dias a partir de segunda.
O deputado diz que foi ao Amazonas praticar pesca esportiva. Segundo sua assessoria, ele não sabia que havia prostitutas a bordo e, quando percebeu o que ocorreria, somada ao fato de serem menores, repudiou o ato dos colegas e tentou dissuadi-los. Sem resultado, o político teria pego um barco para ir embora.
Segundo o advogado de Tavares, João Goyas, os depoimentos estão "cheios" de contradições. A transcrição de um deles afirma que Tavares "andava pelo barco" com "mala de dinheiro nas mãos". Segundo Goyas, porém, o parlamentar não tem movimento das pernas, vive em cadeira de rodas e o barco não era adaptado.
O advogado também alega que o dono da embarcação não foi ouvido, o que poderia esclarecer que Tavares foi contra o embarque das garotas de programa. "O deputado está mais para testemunha do que para réu."


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