São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2006

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EMPRESAS
Gol afirma que vai amparar as famílias

Presidente da companhia aérea diz que empresa dará assistência, mas evita falar sobre indenizações e prejuízos aos negócios

Segundo vice-presidente técnico, o plano emergencial só começou depois de ter sido esgotada "a última gota de combustível" da aeronave

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, disse ontem que a empresa vai prestar toda assistência material e psicológica às famílias das vítimas do acidente do Boeing 737-800, mas evitou falar em valores de eventuais indenizações, de prejuízos aos negócios da companhia aérea e de possíveis causas do acidente.
"A questão dos negócios, de valores, pode ser deixada para depois. Nós não pretendemos deixar desamparado nenhum cliente e nenhuma família de cliente que eventualmente tenha sido vítima desse acidente", afirmou ele, durante entrevista coletiva em São Paulo.
Ao seu lado, estava o vice-presidente técnico da Gol, David Barinoni Neto, que respondeu a maior parte das perguntas dos jornalistas. Questionado sobre o fato de a Gol ter demorado três horas e meia para fazer o alerta sobre o desaparecimento do Boeing, Barinoni Neto disse que o procedimento foi normal.
"O procedimento para uma aeronave que perde o contato se inicia 30 minutos após o horário de pouso da aeronave. Mas o final desse procedimento é aguardar até que se esgote a última gota de combustível a bordo porque, aí sim, todos têm a certeza de que a aeronave não está mais voando."
O Boeing decolou às 15h35 de Manaus e tinha chegada prevista em Brasília às 18h12. O último contato da aeronave com os órgãos de controle de tráfego aéreo foi às 16h58. Até as 20h30, segundo a Gol, o avião tinha combustível para prosseguir o vôo. "Até aquele momento nada foi feito porque a aeronave tinha combustível para pousar em outro aeroporto", disse Barinoni Neto. O Boeing começou a operar há 17 dias e tinha 234 horas de vôo. A seguir, trechos da coletiva.  

PERGUNTA - O avião tinha equipamento anticolisão. Existe a possibilidade de ter falhado e não ter detectado o outro avião?
BARINONI NETO
- Essas perguntas serão respondidas pela equipe de investigação do acidente. Essa aeronave é uma das mais modernas do mundo.

PERGUNTA - A Gol recebeu alguma informação da tripulação do Legacy sobre a colisão?
BARINONI NETO
- O evento está sendo investigado desde ontem [anteontem] pelo Ministério da Aeronáutica e pelo DAC. Não temos informação sobre isso. Não temos respostas nem confirmação dos dados. Será uma investigação bastante técnica, trabalhosa e demorada.

PERGUNTA - Fala-se que a queda foi praticamente vertical. Vocês têm essa informação?
BARINONI NETO
- Não temos nenhum tipo de informação porque não nos foi passada pelos órgãos que estão investigando.

PERGUNTA - Tecnicamente, pode um avião estar invisível no espaço aéreo?
BARINONI NETO
- Se as duas aeronaves tivessem o equipamento funcionando, elas seriam detectadas. Não podemos fazer conjecturas ou hipóteses.

PERGUNTA - O controle do espaço aéreo brasileiro é confiável?
BARINONI NETO
- Sim, completamente confiável.

PERGUNTA - Por que o intervalo de três horas e meia entre o momento que o avião deveria ter pousado e a comunicação do desaparecimento?
BARINONI NETO
- O procedimento para uma aeronave que perde o contato se inicia 30 minutos após o horário de pouso da aeronave. Ela deveria ter pousado às 18h12. Às 18h32, inicia-se alguns procedimentos técnicos. Mas o final desse procedimento é aguardar até que se esgote a última gota de combustível a bordo porque, aí sim, todos têm a certeza de que a aeronave não está mais voando. Aí há o acionamento do plano de emergência, o contato com as autoridades e a comunicação para a opinião pública.

PERGUNTA - O que o acidente pode significar para os negócios da Gol?
CONSTANTINO DE OLIVEIRA JÚNIOR
- Nós estamos muito mais empenhados em prestar assistência às famílias, apoiar a busca de sobreviventes e suportar as famílias nessa dor. A questão dos negócio, de valores, pode ser deixada para depois. Nós não pretendemos deixar desamparado nenhum cliente e nenhuma família de cliente que eventualmente tenha sido vítima desse acidente.


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