São Paulo, segunda-feira, 01 de outubro de 2007

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Estudante morre após passar mal no Hopi Hari

Participando de excursão da escola, garoto de 15 anos desmaiou no Labirinto

Família diz ter ouvido de médicos que choque anafilático foi causa da morte; laudo do hospital aponta edema pulmonar

DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA DA AGÊNCIA FOLHA

Um adolescente de 15 anos morreu na última sexta-feira após passar mal em um brinquedo do parque Hopi Hari, em Vinhedo, a 79 km de São Paulo.
O estudante Arthur Wolf passou mal em uma atração chamada Labirinto. Trata-se de uma sala escura com corredores nos quais funcionários fantasiados de monstros dão sustos nos visitantes. Pelo ambiente é espalhada fumaça de gelo seco.
Arnaldo Satalo, tio de Wolf, diz que os médicos que atenderam o garoto no hospital Paulo Sacramento, de Jundiaí, disseram que a morte foi causada, provavelmente, por choque anafilático, seguido de parada cardiorrespiratória.
Laudo provisório divulgado ontem pela assessoria do hospital informa que o garoto morreu em razão de um edema pulmonar (acúmulo anormal de líquido nos pulmões). O resultado da autópsia só deve ser conhecido em 25 dias.
Arthur integrava uma excursão com cerca de 200 alunos do colégio Edip, de Santo André. O grupo passou o dia no parque, acompanhado por professores.
Segundo uma colega de Wolf, ele desmaiou às 18h30. No local onde o garoto passou mal, disse ela, havia pouca fumaça. Cerca de 20 pessoas estavam no brinquedo no momento do desmaio. O Labirinto, que não foi interditado, é uma atração provisória do parque.
O estudante foi socorrido pela equipe médica do parque e reanimado. No hospital, onde chegou inconsciente, sofreu nova parada cardíaca e morreu por volta das 21h.
"Ele saiu de casa vivo e nos entregaram num caixão. É só isso que a gente sabe", disse Satalo, tio de Wolf.
Segundo ele, o garoto nunca teve problemas de saúde, e os exames realizados periodicamente nada apontaram. "Era ativo, forte e sadio", disse o tio.
Consultada pela Folha, Nana Miura, médica-assistente do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, disse desconhecer caso de morte após inalação de fumaça de gelo seco, como cogitam familiares.
Para ela, somente uma análise do histórico clínico pode assegurar as causas dessa morte, mas não pode ser descartada a possibilidade de uma reação alérgica.
"A reação anafilática, se você tiver alergia de alguma coisa, pode matar mesmo. Pode ter uma edema glote (fechamento das vias respiratórias) e morrer, se não tiver alguma coisa para aplicar, uma adrenalina por exemplo."
Para os químicos Renato Parreira e Enrico Di Donato, dificilmente a morte foi provocada pela intoxicação pela fumaça de gelo seco, que é composta de dióxido de carbono (CO2). O gás, segundo eles, poderia até matar, mas seria necessária a inalação em grande quantidade. Outras pessoas também teriam passado mal.
Como exemplo, os químicos dizem que é o mesmo que uma pessoa se trancar em um veículo, com todas as janelas fechadas, e respirar a fumaça do escapamento desviada para o interior dele. "Seria necessário ficar por muitos minutos", disse Donato. "Nós respiramos CO2 todo tempo", completou Renato Parreira.

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