São Paulo, quinta, 1 de outubro de 1998

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Coronel afirma que vai recorrer da decisão

da Reportagem Local

O coronel Ubiratan Guimarães disse ontem que considerou a decisão da Justiça de pronunciá-lo "absolutamente normal".
Segundo ele, a ação da PM na Casa de Detenção "foi legítima". Ele recorrerá da pronúncia.
"Foi uma decisão absolutamente normal, dentro da Justiça. Eu tenho minhas alegações de defesa. A ação ocorreu no estrito dever legal", afirmou Guimarães.
"Os crimes já estavam acontecendo naquele dia na Casa de Detenção. Antes que nós entrássemos, havia presos já se matando. Tínhamos de intervir para impedir que 2.200 detentos do pavilhão 9 morressem queimados", alegou o coronel, referindo-se a um incêndio no local.
Segundo Ubiratan Guimarães, "os presos estavam drogados, alucinados e armados". O coronel disse que não se importa de eventualmente ser julgado pelo Tribunal do Júri ou pelo TJ (Tribunal de Justiça), caso seja eleito. "Eu confio na Justiça do meu país."
A advogada do coronel Ubiratan, Edith Roitburd, disse que recorrerá da decisão de pronúncia.

Julgamento
De acordo com o promotor Mauro Celso Mendonça de Alvarenga, se o TJ confirmar a decisão de pronúncia, o julgamento do coronel Ubiratan deve ocorrer entre um ano e um ano e meio -tempo médio para apreciação do recurso.
Segundo ele, uma eventual remessa do processo do Tribunal do Júri para o TJ, em caso de eleição do réu, não deve implicar o retardamento do julgamento.
Segundo a advogada especialista em direito eleitoral Valéria Alves de Souza, o fato de o coronel Ubiratan estar sendo processado não impede que ele seja diplomado, caso ele seja eleito. "Só não é diplomado quem tem condenação à qual não cabe mais recurso."
Para o advogado Jairo Fonseca, do Conselho Estadual de Política Criminal, "o problema do episódio da Casa de Detenção não está só no número de mortos, mas no número de assassinos".
"Não foi a ação de um ou dois loucos, mas de centenas de policiais. Naquele momento, presenciamos um Estado delinquente. Mostra que a instituição (Polícia Militar) estava doente", afirmou Fonseca. (ANDRÉ LOZANO)


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