São Paulo, quinta, 1 de outubro de 1998

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SEQUESTRO NO RIO
Vera Loyola chamou especialista para acertar o valor do resgate, o local do pagamento e a libertação de seu filho
Empresária contrata negociador profissional

SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio

A empresária Vera Loyola contratou um negociador para tratar com os sequestradores de seu filho, Ignácio de Loyola Barros Damásio, 30, que foi sequestrado no sábado, em Campo Grande (zona oeste do Rio).
Damásio estava em sua oficina de carros, quando três homens o sequestraram, segundo funcionários que testemunharam o crime.
Contratado no fim-de-semana, o negociador está incumbido de acertar valor do resgate, ocasião e local do pagamento e libertação.
O fato de ter recorrido a um negociador particular indica que é intenção da família manter a polícia sem informações sobre o caso.
O secretário estadual de Segurança Pública do Rio, Noaldo Alves Silva, afirma que a polícia investiga o crime, mesmo sem a colaboração da família. Para o secretário, a polícia tem a obrigação legal de apurar o sequestro.
A Folha apurou que, na segunda-feira, o governador do Rio, Marcello Alencar (PSDB), e o secretário de Segurança telefonaram para Vera Loyola.
A empresária manifestou a eles o desejo de não informar à polícia sobre o desenrolar da negociação com os sequestradores.
O delegado Álvaro Lins, da DAS (Delegacia Anti-Sequestro), da Polícia Civil, foi indicado especialmente para descobrir o paradeiro do comerciante.
Lins, 31, lamentou a decisão da família. "Ela está dificultando nosso trabalho. Já começamos o jogo perdendo de 1 a 0. Toda a comunicação com os sequestradores é feita pela família. Se ela não nos informa, fica difícil", afirmou.
Desde o sequestro, Vera Loyola está recolhida na casa dos pais, em São Conrado (zona sul). Ela não quis falar com a Folha.
O pai da vítima, José Alfredo Damásio, tem ido todos os dias até a casa, mas não dá entrevistas. Ele é separado de Vera Loyola.

Engano
Cerca de 30 policiais do 14º BPM (Batalhão de Polícia Militar) invadiram anteontem de madrugada a casa da advogada Luciana Cristina Simões, 35, em Realengo (zona oeste), em busca do cativeiro do filho de Vera Loyola.
A PM invadiu a casa sem mandado judicial. Os protestos da advogada não foram considerados pelos invasores.
A advogada deu queixa na 31ª DP, que abriu inquérito para apurar se houve arbitrariedade e constrangimento ilegal.
Ainda nesta semana, Luciana reivindicará na Justiça indenização por danos morais.
O comandante do 14º BPM, tenente-coronel Generino Lopes Filho, disse que o procedimento dos policiais será investigado em sindicância interna. Ele disse não ter sido informado sobre a operação.



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