São Paulo, quinta, 1 de outubro de 1998

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Justiça proíbe exibição de C.B.S. no "Ratinho"

da Reportagem Local

O juiz da Vara da Infância e Juventude de Pinheiros concedeu ontem tutela antecipada proibindo a exibição da menina C.B.S, 10, de seus familiares ou de sua advogada no "Programa do Ratinho", do SBT, para falar de qualquer assunto relacionado à gravidez ou ao aborto que a menina quer fazer.
C. ficou grávida há 18 semanas, depois de ter sido estuprada por dois vizinhos durante os últimos três anos. A lei brasileira autoriza o aborto desde que a gravidez seja fruto de um estupro ou que traga risco de vida para a mãe. Se o SBT descumprir a decisão, terá de pagar multa de R$ 1 milhão.
O "Programa do Ratinho", pagou as passagens aéreas da garota, de sua advogada e de seus pais de Israelândia, no interior de Goiás, até São Paulo. Está financiando ainda sua hospedagem no hotel cinco estrelas Hilton Brasilton.
Cada trecho da viagem custa cerca de R$ 110,00 por pessoa, e cada diária do hotel custa de R$ 249,00 a R$ 259,00, conforme o quarto.
Em Israelândia, C. e a família moram numa casa de um cômodo na parte mais pobre da cidade.
A tutela antecipada, concedida pelo juiz, é uma medida jurídica com o mesmo efeito da liminar - pode ser concedida mesmo antes do julgamento final do processo.
A diferença é que, ao contrário da liminar, que tem caráter provisório, a tutela antecipada tem caráter mais definitivo e adianta a sentença do juiz.
O pedido para que o caso de C.B.S. não fosse exibido na TV foi feito pelo promotor da Infância e da Juventude Maurício Ribeiro Lopes. "A pressão a que estão submetendo essa menina é uma coisa absurda. Exibi-la na TV só iria piorar a situação. Queremos inibir esse circo de horrores."
O diretor do "Programa do Ratinho", Américo Ribeiro, disse no final da tarde de ontem que ainda não havia recebido nenhuma notificação judicial sobre o assunto e que aguardava resposta para um pedido de autorização feito à Justiça para entrevistar C. na TV.
Ribeiro não disse quanto o SBT está gastando com a estada da menina, e afirmou que o programa não deverá pagar o aborto de C., caso seja feito. (MALU GASPAR)



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