São Paulo, quinta, 1 de outubro de 1998

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Grávida de 10 anos em BH terá filho

RANIER BRAGON
em Belo Horizonte

A menina A.C., de 10 anos , está para completar o sexto mês de gravidez, em Belo Horizonte.
A garota manteve relações sexuais com o namorado, de 18 anos. A mãe dela pediu autorização ao Juizado da Infância e da Juventude da cidade para realizar o aborto.
Mãe e filha procuraram a promotora de Justiça Betânia Cabral de Pina Larcher no final de agosto pedindo autorização para o aborto. A menina teria dito que manteve as relações sexuais com o namorado em junho deste ano.
A mãe não tinha, porém, segundo a promotora, nenhum exame atestando a gravidez e o tempo de gestação da filha.
O juiz Tarcísio Martins Costa, depois de requerimento da promotora, pediu então um exame à Fundação de Assistência Integral à Saúde, que revelou que a gravidez já estava em cerca de quatro meses e meio de gestação.
Entre a palavra da menina e o exame, o juiz resolveu ter um "voto de minerva" e requisitou ao professor-titular da Faculdade de Medicina da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Haroldo Camargos, que realizasse exame na garota e desse um parecer.
No dia 11 de setembro, Camargos enviou ofício ao juiz atestando a gravidez da criança, que estava já no quinto mês de gestação.

Gravidez escondida
A mãe de A.C. disse à promotora que não procurou ajuda antes porque a filha escondeu a gravidez dos pais, que seriam contra o namoro, até quando a barriga começou a "aparecer".
Após saber do período avançado de gestação e receber orientação do juizado, a família de A.C. decidiu manter a gravidez da menina.
"O juiz não pode colocar suas convicções pessoais e religiosas acima da lei. Caso a família mantivesse a disposição do aborto, fatalmente seria concedido o pedido", diz o juiz.
Ele ressalta, porém, que "nenhum médico, mesmo com autorização judicial, concordaria em realizar esse aborto (devido ao tempo avançado de gestação)".
O juiz Costa não quis revelar o nome do médico que está tratando a garota, mas disse que ela passa bem e está tendo todo o apoio psicológico necessário.



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